São cerca de 14 quilômetros de extensão de estrada, ligando Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, à Pavuna, na Zona Norte do Rio. Construída há 20 anos para facilitar o acesso ao metrô e desafogar a Rodovia Presidente Dutra, a Via Light é um caminho de problemas e o retrato do abandono. Lixo, entulho, buracos, mato, veículos abandonados e até carcaças de animais mortos são vistos facilmente.
Placas em diversos trechos estão pichadas ou cobertas pelo mato que avança no acostamento. "Fica difícil ver informações e limites de velocidade porque a vegetação está tomando tudo", reclamou Marlon Felipe, 25, morador de Mesquita.
Rezar para não enguiçar
Também de Mesquita, a cabeleireira Shirley Gomes, 34, se queixa dos buracos. Com o pneu do carro furado, ela teve dificuldade em conseguir ajuda. "A via está toda esburacada, e não tem borracheiro ou mesmo um posto por perto. Estou aqui esperando meu marido para me ajudar, ainda bem que é cedo. À noite, se isso acontece, eu ficaria em pânico".
Assim como a cabeleireira, muitos motoristas evitam o trecho com medo da violência uma das maiores reclamações. "Eu nem passo aqui durante a noite porque é bastante perigoso, já vi muitos assaltos".
O medo é compartilhado por Fátima Dias, 40, moradora de Vila Nova, em Nova Iguaçu. "Eu pego ônibus aqui, mas fico apreensiva. A qualquer momento posso ser assaltada, mesmo durante o dia. Falta policiamento".
Martírio para passageiros
Ao longo da Via Light é possível ver pessoas se arriscando para embarcar nos ônibus. Faltam pontos e até abrigos. "Não sabemos onde ao certo ficam os pontos, não tem placas e também não tem cobertura para esperarmos a condução", disse Maria de Lourdes, 57, moradora de Nilópolis.
Ao todo, 11 passarelas construídas cortam 23 bairros. O que seria para segurança na travessia é uma ameaça. Algumas estruturas estão enferrujadas e com rachaduras. Passagens de pedestres estão tomadas pelo mato, assim como os acessos às passarelas.