Rio - Raul Jungmann, ministro da Segurança Pública, disse nesta sexta-feira que as mudanças na segurança pública devem ser sentidas pela população do Rio em até quatro meses. O ministro participou de uma reunião com parlamentares fluminenses na Escola Superior de Guerra e explicou que o prazo é uma estimativa do interventor federal na segurança do estado, general Walter Braga Netto.
"Em conversas com o interventor Braga Netto, ele me dizia que, num espaço de até quatro meses, ele calcula, serão sentidas as mudanças pela população. Isso não quer dizer que terá passe de mágica", disse o ministro. Segundo Jungmann, as mudanças serão graduais, e "existem razões para esperança".
Jungmann tinha um encontro com o general Braga Netto na manhã desta sexta-feira, que foi remarcado por questões de agenda. O ministro defendeou as ações integradas na Vila Kennedy e avaliou que servem como um piloto do que será feito em outras favelas do estado e mostram resiliência das forças de segurança contra o crime organizado.
"Não adianta nos desafiar, porque temos disposição de continuar", afirmou o ministro. "É um recado de que não vamos desistir. Estamos determinados e vamos até o fim", enfatizou.
O encontro do ministro com os deputados federais do Rio de Janeiro começou pouco depois do meio-dia e terminou por volta das 15h. Os parlamentares participantes integram a comissão externa criada na Câmara para acompanhar a intervenção federal em seu planejamento, sua execução e seus desdobramentos. A reunião contou também com a presença do prefeito de Guapimirim, Zelito.
Ação sustentável
Integrante da comissão, o deputado Alessandro Molon (PSB-RJ) disse que os parlamentares questionaram qual era o planejamento da intervenção e os métodos que seriam utilizados, assim como o orçamento previsto. Seundo Molon, Jungmann respondeu que essas informações seriam prestadas em breve ao grupo.
O deputado elogiou a proposta de combate à corrupção policial e sugeriu alterações legislativas para aprimorar as corregedorias, o que, na visão dele, permitiria que as mudanças permaneçam. "É preciso tornar essa ação uma ação sustentável ao longo do tempo", afirmou.
A intervenção federal na segurança do Rio de Janeiro teve início em fevereiro e transferiu a gestão desta área para o general Walter Braga Netto, que é o comandante militar do Leste.
Outro decreto do presidente Michel Temer autoriza, desde julho do ano passado, a realização de operações de Garantia da Lei e da Ordem, como as que ocorreram nesta semana na Vila Kennedy, integrando Forças Armadas e polícias.
Nesta manhã, os militares participam da quarta operação integrada na Vila Kennedy, favela que fica às margens da Avenida Brasil, na zona oeste da capital.
Mais recursos
Jungmann informou que a intervenção federal vai receber recursos novos. Segundo o ministro, esse dinheiro precisará ser remanejado de outras áreas, devido ao teto de gastos do governo federal. "Sim, vamos ter dinheiro novo. Sim, virá dinheiro a mais. E por que não se sabe, ou não se tem ainda como comunicar quanto virá? Porque esse é um trabalho que está sendo desenvolvido a quatro mãos com a equipe da área e a equipe econômica", explicou.
O ministro destacou que a reestruturação das polícias já começou com a nomeação dos novos comandantes da Polícia Militar e da Polícia Civil. Além disso, o Estado também já adquiriu maior capacidade de efetuar prisões e reduziu o poderio do crime organizado com o combate ao roubo de carga.
Jungmann afirmou que as Forças Armadas sempre cumpriram o que foi solicitado quando estava em vigor apenas o decreto de Garantia da Lei e da Ordem e, com a intervenção, os militares agora atuam na reestruturação da segurança no estado. "A reestruturação da segurança pública do Rio de Janeiro é o aspecto central, é onde se trava a principal batalha para resgatar a sensação de segurança no Rio de Janeiro."
Nessa reestruturação, o ministro enfatizou a importância de combater a corrupção policial e melhorar as condições de trabalho, equipamento e salários dos policiais. "Os maus policiais, aqueles que estão ligados ao crime organizado ou à corrupção, têm que deixar a corporação. É uma minoria, é evidentemente um grupo minoritário, mas não podem continuar dentro de uma instituição que queremos que tenha a melhor valorização e a melhor autoestima", concluiu Jungmann.