O recadastramento de comerciantes que perderam os quiosques foi feito na associação de moradores - Estefan Radovicz / Agência O Dia
O recadastramento de comerciantes que perderam os quiosques foi feito na associação de moradoresEstefan Radovicz / Agência O Dia
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Rio - Apesar do cadastramento que a prefeitura começou a fazer ontem na associação de moradores, o clima foi de desconfiança entre os comerciantes que tiveram os quiosques demolidos na última sexta-feira, na Praça Miami, na Vila Kennedy. Após a ação 'desastrosa' da fiscalização, a volta ao trabalho é uma incerteza e muitos não têm outra forma de sustento. Embora o prefeito Marcelo Crivella tenha prometido a abertura de linha de crédito que viria para facilitar a vida dos trabalhadores, vários têm restrições no nome, o que pode dificultar o empréstimo.

Segundo o coordenador de Feiras da Secretaria Municipal de Desenvolvimento, Emprego e Inovação, Eduardo Cataldo, o cadastro será aproveitado por outras pastas."Além das atividades, listamos todos os equipamentos que perderam. Um estudo de viabilidade técnica está sendo feito e logo eles poderão retomar às atividades. Acredito que daqui a duas semanas a maioria esteja trabalhando novamente. Outras secretarias vão usar os dados que foram coletados. que vão direcionar projetos em prol das famílias", afirmou.

Outra dúvida é em relação às tendas que seriam oferecidas para amenizar a situação. Os modelos são os usados em feiras como a que acontece na Rua do Lavradio, Lapa. Segundo os comerciantes, a opção não atenderia a todos, já que muitos vendem alimentos ou mantêm atividades que precisam de energia elétrica.

É o caso de Liliane Trigueiro, que trabalha no local há mais de 12 anos com o marido."Estamos nos reerguendo aos poucos. Esperamos que as promessas que foram feitas sejam cumpridas. As tendas são válidas, mas não atendem a todos. Cada quiosque tinha funcionamento específico, conforme as necessidades", disse.

Vendedora de quentinhas e frango assado, Grasiele Gomes não sabe como pagará o aluguel deste mês. Com cinco filhos e um neto morando na mesma casa, a preocupação é grande. "Foi prometido o Aluguel Social. Mas até lá, o que vai ser de nós? Temos que comer, vestir, se locomover. É angustiante", relata.

Há pouco mais de nove meses, Érica Dias decidiu investir R$3,5 mil em um pequeno salão de beleza, na Praça Miami. Fruto de uma rescisão de contrato, o dinheiro serviu como ponte para que os três filhos tivessem uma vida mais digna. Ontem, os quatro acordaram sem ter o que comer.

"Não demoliram apenas meu sonho, mas o da minha família. Há dois dias que contamos com ajuda dos vizinhos. Hoje, não tinha pão para meus filhos. Não precisava ser assim. Eu tinha clientes marcados ao longo da semana, mas perdi todos os equipamentos. Eram 25 alicates de unha e cada um custou em média, R$ 30", fora o restante", desabafa.

Cobrança de taxas

Quando já estiverem com toda a documentação pronta, os vendedores não só assumirão os quiosques, mas também começarão a pagar taxas. O valor ainda será definido, porém, a secretária de Desenvolvimento e Emprego, Clarissa Garotinho, estima que seja no valor de R$ 80 por trimestre.

"Serão feirantes legalizados, e eles vão poder trabalhar como todos os comerciantes da cidade. Vai ter taxa, e quem calcula é a Fazenda. É um valor simbólico. Normalmente, é taxa de R$ 80 por trimestre, média de cerca de R$ 26 por mês", disse a secretária.

Ela informou que a pasta vai atuar para a qualificação profissional dos comerciantes da região. "A gente vai buscar formato, ou com o Senai, ou até mesmo com a ESPM, que já faz um programa muito bacana", afirmou Clarissa Garotinho.

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