Rio - Integrantes da Guarda Municipal do Rio de Janeiro estão em Volta Redonda, no Sul Fluminense, buscando informações sobre como a corporação da Cidade do Aço, uma das poucas que trabalham armadas, opera. Representantes do comando da GM da capital assistiram a palestras na sala de instruções e conheceram os setores de treinamento e demais instalações. Desde o final de 2015, metade dos 200 agentes vontarredondenses passou a portar revólveres calibre 38 no interior de patrimônios públicos e nas ruas. Na verdade, a GM-VR já usava armas desde 1952, mas passou um bom tempo sem usar na década passada e em meados da atual. Os guardas passaram por avaliação psicotécnica, aplicada pela Polícia Federal, e por cursos teórico e prático de tiros.
Para Rosane Soares, presidente do Conselho Municipal de Segurança Pública, a visita de inspetores da Capital é motivo de orgulho. “É sinal que a Guarda Municipal de Volta Redonda está servindo de exemplo. E no caminho certo quanto à responsabilidade de se usar armas, pois não ocorreu nenhum incidente grave nestes pouco mais de dois anos”, ressalta Rosane.
Na semana passada, o prefeito de Volta Redonda, Samuca Silva, já havia destacado a importância do porte de armas por parte da Guarda Municipal, em auxílio à segurança pública, apesar de algumas lideranças comunitárias discordarem. “Traz mais tranquilidade à população. Nossos guardas fazem rondas escolares, integram a Patrulha Maria da Penha, e, se preciso, até transporte de presidiários”, salientou o prefeito.A Guarda de Volta Redonda também recebe treinamentos da SENASP (Secretaria Nacional de Segurança Pública) e da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), da Polícia Civil.
A comitiva do Rio foi liderada por Rodrigo Joles, assessor de gestão e estratégica da Guarda Metropolitana. “Fiquei impressionado com o trabalho de Volta Redonda. Trocamos informações para melhorarmos cada vez mais as instituições. Volta Redonda tem um grande percentual de veículos per capita e isso é um desafio para os agentes daqui, que tem expertise e experiência”, ressaltou Joles.
O comandante da Guarda de Volta Redonda, Paulo Henrique Dalboni, por sua vez, ministrou uma palestra sobre principais atividades desenvolvidas pela instituição. “Essa troca de informação e de experiência é de fundamental importância para o aprimoramento do trabalho no dia a dia da Guarda”, disse Dalboni.
LEI DO SILÊNCIO É UM DOS DESAFIOS
Um dos maiores desafios da corporação em Volta Redonda, que criou canal direto (24-3339-9293) para que a população denuncie supostos desvios de condutas ou abuso de poder, tem sido garantir a Lei do Silêncio no município. No sábado, o Conselho de Segurança acionou a Guarda Municipal e a PM mais uma vez para pôr fim a uma baderna recorrente, promovida por estudantes de Medicina em uma república que funciona no prédio 246 da Rua Almirante Barroso, no Jardim Amália 1.
“Pela segunda vez em menos de duas semanas, os estudantes infernizaram nossas vidas. A situação vem se repetindo há mais de um ano, com certa frequência. Fazem festas para dezenas de estudantes em área residencial. Não respeitam ninguém. Colocam sons altíssimos, e abusam da gritaria, palavrões e confusão, à beira de uma piscina. E ainda lotam as calçadas de carros. No sábado, a situação só se acalmou, depois que a guarda passou a fazer rondas na localidade”, disse o aposentado Joniel Vargas, que desde 2016 denuncia os abusos.
Em 2016, intimados pela Guarda Municipal, PM e Ministério Público, os estudantes assinaram termo de compromisso, garantindo que não iriam promover mais festas no local, mas passaram a descumprir o documento. Procedimentos abertos e em andamentos na polícia e Ministério Público desde o ano passado, com base em áudios e vídeos feitos pela vizinhança, pedem o fechamento da república e punição, através da Lei do Silêncio, para os baderneiros; para os donos do imóvel, que moram nas imediações; e até para os pais dos estudantes.