Vereadores recomendaram à prefeitura que não aumente a passagem até a conclusão da CPI em abril - Luciano Belford / Agencia O Dia
Vereadores recomendaram à prefeitura que não aumente a passagem até a conclusão da CPI em abrilLuciano Belford / Agencia O Dia
Por GUSTAVO RIBEIRO

Rio - Nem a auditoria contratada pela prefeitura pode apontar com precisão o valor correto da passagem no Rio. Um representante da PricewaterhouseCoopers (PWC), contratada para analisar os custos, afirmou ontem na CPI dos Ônibus da Câmara dos Vereadores que a empresa nunca recebeu balanços auditados dos consórcios. Assim, não é possível saber se os números informados são reais. O contrato com a PWC foi firmado pelo ex-prefeito Eduardo Paes ao custo de R$ 11,7 milhões. Em dezembro, o prefeito Marcelo Crivella anunciou aditivo para atualizar o estudo, que custará R$ 2,5 milhões.

Sócio da PWC, Ronaldo Valiños disse que a tarifa "mais adequada" apurada até novembro de 2015 (quando a passagem custava R$ 3,40) era R$ 3,38. Para chegar a um preço com menor risco de erro, a PWC ignorou balanços não auditados e comparou valores do mercado, como dados de consumo divulgados por fabricantes dos ônibus, em analogias com outras cidades, mas admitiu não ser o ideal.

"O que recebemos foi um relatório de asseguração, que tem uma diferença técnica grande, por isso seria importante ter os balanços auditados. Auditoria é ver se o consórcio efetuou os pagamentos adequadamente de impostos, salários, encargos, se o processo é uniforme, se a depreciação dos ônibus é calculada de forma adequada", explicou Ronaldo.

A PWC aguarda a prefeitura quitar os honorários para apontar a tarifa 'justa' para 2018. Foram pagos R$ 11,3 milhões do primeiro contrato e falta pagar o aditivo. Crivella havia dito que consideraria o novo estudo para definir possível reajuste. Segundo o secretário de Transportes, Rubens Teixeira, a prefeitura aplicou os R$ 3,38 na fórmula contratual de revisão tarifária e estimou que o valor atual deveria ser R$ 4,05 (R$ 0,45 a mais que hoje). Em dezembro, o então secretário Fernando MacDowell apontou uma estimativa própria de R$ 3,09.

Para o vereador Tarcísio Motta (Psol), membro da CPI, Paes descumpriu um decreto de 2014 que obriga a Secretaria de Transportes a exigir dos consórcios auditorias anuais. "O TCM (Tribunal de Contas do Município) deve indicar as responsabilidades ao Ministério Público, para que o ex-prefeito se explique".

Os vereadores aprovaram recomendação para a prefeitura não aumentar a passagem até a conclusão da CPI, prevista para 2 de abril. Secretário de Transportes de Paes, Alexandre Sansão, garantiu que a pasta sempre exigiu os balanços auditados. "Os balanços de 2015 foram recebidos em 2016, com inconsistências. A SMTR, após análise da PWC, não aceitou e abriu processo de advertência para que se ajustassem sob pena de multa. A tramitação seguiu com a nova gestão", acrescentou.

Procurados pelo DIA, a prefeitura e o Rio Ônibus, que representa os consórcios, não se pronunciaram.

 

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