Rio - Um homem de família, que fazia de tudo pelo filho e pela esposa. Foi assim que parentes e amigos definiram o motorista Anderson Pedro Gomes, de 39 anos, morto com a vereadora Marielle Franco, na noite de quarta-feira.
Durante o enterro de Anderson, ontem à tarde, no cemitério de Inhaúma, na Zona Norte, no mesmo horário do sepultamento da vereadora, no Caju, familiares relembraram sua alegria de viver e a dedicação integral à família. "Ele se resume como a melhor pessoa que conheci na vida", destacou a mulher de Anderson, Ágatha Arnaus Reis, professora da rede pública. Pela manhã, ela foi ao IML reconhecer o corpo do marido.
Pai de um menino de 1 ano, o pequeno Arthur, que nasceu com uma má formação, Anderson estava desempregado e dirigia para um aplicativo de transporte alternativo para ajudar na renda da família. O trabalho com a vereadora era um extra, cobrindo um amigo, que tinha sofrido um acidente.
"Ele fazia um bico, não era do partido (Psol). Ele estava cobrindo um motorista que se machucou e foi brutalmente assassinado. Ele era o melhor funcionário que eu já vi. Trabalhava até doente", disse a cunhada de Anderson, Julia Arnaus Reis.
Segundo Ágatha, nos últimos dias, Anderson estava trabalhando com mais frequência para Marielle. "Nesse último período ele esta todo dia com ela. Acabou acontecendo essa fatalidade com as nossas famílias".
Inconformada com a perda do companheiro, com quem decidiu dividir sua vida há quatro anos, Ágatha revelou que o marido já planejava as comemorações de dois anos do filho, que seria em pouco mais de um mês. "É difícil pensar como vou ficar agora sem ele. Como vou explicar isso para o meu filho?", indagou a professora.
O cortejo, que teve a presença de mais de 100 pessoas, foi marcado por aplausos e palavras de ordem contra os 'corruptos' e contra a 'impunidade'. Durante todo sepultamento, Agatha chorou muito e precisou ser amparada várias vezes pelos familiares. A mãe de Anderson e o filho dele não foram ao enterro. "Vou sentir saudades. Ele estava sempre brincando comigo, me chamando de seu velhinho. Ele era especial", contou um tio.