Dona Santinha levou O DIA para ato de protesto na Cinelândia  - Foto do Leitor
Dona Santinha levou O DIA para ato de protesto na Cinelândia Foto do Leitor
Por LUIZ ALMEIDA

Rio - Era início da tarde da última quinta-feira quando Maria Soares, mais conhecida como Dona Santinha, decidiu sair de casa, em Inhaúma, na Zona Norte, e seguir rumo ao Centro. O objetivo era registrar seu protesto contra a execução de Marielle Franco, na noite anterior, participando do ato realizado na Cinelândia em homenagem à vereadora.

Dona Santinha não esperava ganhar as redes sociais ao empunhar, com uma expressão que simbolizava a dor de toda a cidade, a capa do DIA com a foto da vereadora.

Aos 93 anos, Dona Santinha conta que resolveu marcar posição em solidariedade à vereadora. "Levei o jornal porque gosto de divulgar as notícias e também serve para as pessoas se motivarem. As mudanças só virão se a gente participar diretamente. Infelizmente, uma voz que trabalhava para mudar o mundo para melhor se calou", desabafa.

Para Dona Santinha, a banalização da violência não deve ser permitida pela sociedade. Ela acrescenta também que o crime praticado contra a vereadora precisa ser devidamente investigado e esclarecido. "Podem descobrir quem apertou o gatilho, mas nem sempre quem pratica o ato é o mentor do fato. Acho que há algo maior por trás da morte dela", opina.

Incansável, Dona Santinha, que trabalhou como costureira e auxiliar de enfermagem, além de se formar em Direito aos 70 anos, acredita que ir às ruas é a única forma de se fazer visível e lutar por uma sociedade mais justa. Segundo ela, ainda é preciso conquistar muitos direitos, principalmente das minorias. "Luto por tudo que acredito. Preciso dar minha participação, pois, para mudar, só participando", destaca.

Dona Santinha, aliás, é figura constante em manifestações. Recentemente, foi às ruas contra o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. Na ocasião, empunhava cartaz em que pedia para respeitarem seu voto. "Li uma crônica que pedia para a presidente dar um tiro no próprio peito. Achei que era hora de dizer o que pensava. Afinal, eles sabem que é golpe e não querem que falem que foi golpe", critica, acrescentando que até hoje ostenta um broche com Fora Temer.

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