O comandante-geral do Corpo de Bombeiros, Roberto Robadey, posa no Quartel-Central da corporação - Alexandre Brum / Agencia O Dia
O comandante-geral do Corpo de Bombeiros, Roberto Robadey, posa no Quartel-Central da corporaçãoAlexandre Brum / Agencia O Dia
Por NADEDJA CALADO

Rio - Apesar do clima de descrença nos órgãos públicos, o Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro (CBMERJ) é uma das instituições mais benquistas. E sempre muito lembrada após uma grande tragédia, como o incêndio no edifício Wilton Paes de Almeida, em São Paulo. Empossado em julho passado, o atual comandante-geral, coronel Roberto Robadey, falou ao DIA sobre as atuais dificuldades e também das diversas questões ligadas ao trabalho da corporação.

O DIA: O incêndio no edifício Wilton Paes de Almeida, em São Paulo, chamou a atenção para o perigo de instalações irregulares. Corremos um risco parecido no Rio?

Roberto Robadey: Não conheço nenhum edifício parecido, mas as comunidades são cheias de ligações clandestinas, gerando incêndios em áreas que são de difícil acesso. O mesmo acontece com os incêndios em barracões na região portuária do Rio. Geralmente, são locais que não se submeteram a nenhuma vistoria. Caso contrário, haveria um plano de prevenção a esse tipo de incidente.

São muitos estabelecimentos comerciais no Rio de Janeiro. É uma dificuldade vistoriar tantos locais?

Felizmente, a grande maioria conta com planos e equipamentos adequados contra incêndios. Mas existe uma cultura de primeiro abrir o estabelecimento para só depois se adequar às normas. Isso é um problema muito sério e causa prejuízos e retrabalho.

Com a atual crise financeira do Estado do Rio, tem sido possível investir em melhorias para o Corpo de Bombeiros?

Apesar das dificuldades, esperamos poder fazer a diferença. As principais aquisições vão ser de novos veículos. Serão 160 viaturas e também um helicóptero, que já está sendo pago. Com ele, devemos ampliar um projeto de monitoramento de acidentes nas estradas durante o período de maior fluxo, o que já é feito no caminho para a Região dos Lagos, e queremos expandir para a Costa Verde. Mas as dificuldades orçamentárias dificultam muito. Não temos expectativas de inaugurar novos quartéis, por exemplo.

Como o senhor avalia a atuação do Corpo de Bombeiros?

Quem já precisou dos serviços da corporação costuma avaliar positivamente. A capital é muito bem atendida e estamos em todos os municípios fluminenses com mais de dez mil habitantes. E, a cada um minuto e meio, uma equipe nossa presta algum socorro no nosso estado. Felizmente, contamos com o carinho e o respeito de toda a população, e conseguimos preservar nosso nome.

Falta bem pouco para as festas juninas. Os balões de São João ainda são uma preocupação?

Sim. Apesar das campanhas, não estamos vendo a diminuição dos incidentes. O balão é um foco de incêndio que ninguém sabe aonde vai cair e as pessoas defendem essa tradição. E, pior, a época dos balões entra justamente na temporada da estiagem das chuvas. Esses incidentes geram operações muito caras e nos dão bastante trabalho.

Para além da questão do fogo, o que é importante que a população saiba sobre o trabalho dos Bombeiros?

Na verdade, a maior parte das nossas ações, cerca de 55%, são atendimentos com ambulâncias do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência). Também é importante dizer que o número de trotes ainda é muito alto. Pode passar de 1.200 por dia. Além da perda de tempo, faz com que seja necessário um protocolo de conferência muito burocrático, que é uma das principais causas das reclamações que recebemos.

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