O campeonato League of Legends 2017 foi um dos eventos mais concorridos já realizados no país
 - FOTOS Divulgação/Riot Games-Brasil
O campeonato League of Legends 2017 foi um dos eventos mais concorridos já realizados no país FOTOS Divulgação/Riot Games-Brasil
Por WILSON AQUINO

Rio - O esporte eletrônico, no Brasil, não quer mais ficar preso ao ambiente virtual. Quer se expandir e transformar-se em realidade concreta e milionária. Um Projeto de Lei regulamentando os games como modalidade esportiva e a organização das federações do e-sport nos estados prometem incrementar a atividade no país.

"O videogame te proporciona uma coisa única: você é o personagem principal e protagonista da história. Isso gera um processo de identificação e de imersão muito grande", garante Gustavo Nader, o vice-presidente da recém-criada E-Ferj, a Federação de e-Sports do Estado do Rio.

Mas o que pode soar esquisito é o fato de uma atividade aparentemente sedentária ser classificada como esporte. Afinal, o que caracteriza um esporte? "As definições de esporte são várias, mas todas levam à prática de exercício, que é a forma de executar movimentos corporais de forma organizada e coordenada", explica o professor André Fernandes, presidente do Conselho Regional de Educação Física (CREF1). Porém, ele lembra que o xadrez também é considerado um esporte. "Não somos contra a tecnologia, mas caracterizar como esporte, acho que é cedo ainda", pondera Fernandes, lembrando que atleta de alto rendimento não é sinônimo de pessoa saudável. "O resultado fica em primeiro plano. A Saúde, em segundo", afirma.

"O xadrez, o pôquer e o esporte eletrônico estão na mesma classe. Isso é definido pela Federação Internacional dos Esportes da Mente (IMMSA, na sigla em inglês)", garante o especialista em e-sports, Philipe Antunes Coimbra. Ele conta que os times profissionais contam com nutricionista, psicólogo e programa de treinamento físico. "É importante que o jogador faça atividades físicas, porque melhora a qualidade de vida e isso influencia a performance dele", garante.

Segundo Gustavo Nader, assim que a e-Ferj estiver estabelecida, uma outra preocupação, o jogo limpo, vai estar no foco da instituição. "A gente vai ter sistema anti-dopagem no Rio de Janeiro, além de árbitros treinados para resolver problemas de comportamento inapropriado. E também vai ter inspeção para verificar se todo o programa está rodando direitinho e ninguém vai ser favorecido. Não basta ser honesto. Tem que parecer honesto". Ele prevê que o e-sport vai se desenvolver muito no país, a partir da promulgação da Lei. "O reconhecimento como esporte nos dá acesso aos incentivos. Ao ser reconhecido como atleta, sendo ele federado, o jogador tem direito ao visto de atleta. Muitos atletas brasileiros não puderam competir em outros países porque não conseguiram o visto. Outro ponto positivo da Lei é que estabelece 27 de junho como o Dia do Esporte Eletrônico. A data escolhida é em memória à fundação da empresa Atari, uma das principais responsáveis pela popularização dos "vídeos games".

Para Bruno Villafranca, presidente da e-Ferj, o esporte eletrônico é tão valoroso quanto o esporte tradicional. "O futebol era atividade amadora e recreativa. Conquistou multidões e se profissionalizou. É como o game". Ele diz que o esporte eletrônico tem as mesmas características dos desportos profissionais. "Tem torcida, tem campeonato, premiação, público que consome produtos que compõem o jogo. Temos muitos clubes tradicionais montando equipe de esporte eletrônico, como Flamengo, Santos, Avaí e Corinthians", afirma o dirigente, que promete organizar campeonatos e inserir as pessoas de menor poder aquisitivo no e-sport. "Hoje, 300 atletas vivem exclusivamente do e-sport no Brasil. Devemos ter uns 30 times profissionais. A Coréia e a China são potências. Nosso desejo é que daqui a cinco, 10 anos, as pessoas possam viver do esporte eletrônico". Game Over.

Jogos eletrônicos podem estrear nas Olimpíadas
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Os esportes eletrônicos podem estrear nas Olimpíadas de 2024, na França. Recentemente, o presidente do comitê de candidaturas de Paris, Tony Estanguet, afirmou à agência de notícias Associated Press (AP) que vai se reunir com representantes das indústrias de jogos e membros do Comitê Olímpico Internacional (COI) para tratar do assunto.
"Temos de avaliar a possibilidade porque não podemos dizer que não nos diz respeito ou que não tem nada a ver com as Olimpíadas. Os jovens se interessam pelos e-sports e coisas do gênero", afirmou Estanguet.
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Enquanto o mundo ocidental hesita, o asiático age. O Conselho Olímpico da Ásia (OCA) anunciou que nos Jogos Asiáticos (Asiad), de 2022, em Hangzhou, na China, os esportes digitais vão se juntar a outras modalidades, com direito a medalhas para todos os atletas. Será o primeiro evento esportivo olímpico do mundo a dar vaga ao ciberesporte.
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