Taxistas deram um nó no trânsito na quinta-feira em protesto contra os aplicativos e atacaram colegas que não aderiram ao movimento - agência brasil
Taxistas deram um nó no trânsito na quinta-feira em protesto contra os aplicativos e atacaram colegas que não aderiram ao movimentoagência brasil
Por O Dia

Rio - O protesto de taxistas contra a regulamentação do transporte por aplicativos, como o Uber, 99POP e Cabify, deu um nó no trânsito do Rio e gerou muita confusão. Alguns manifestantes arremessaram ovos em táxis que não aderiram ao movimento e até agrediram motoristas que achavam ser de aplicativos, e danificaram seus carros. Pelo menos dois taxistas ficaram feridos por balas de borracha em confronto com PMs. No fim da tarde, manifestantes fecharam as pistas sentido Centro do Túnel Rebouças por cerca de duas horas, e os congestionamentos na cidade chegaram a 200 quilômetros por volta das 18h, 80 a mais do que a média do horário. Apesar dos transtornos, ninguém foi multado.

Segundo o Sindicato dos Taxistas, a ideia era realizar o protesto apenas pela manhã, em frente à prefeitura. "Nos reunimos com o prefeito há dois dias e organizamos a manifestação concentrando na madrugada, com cinco pontos de saída de automóveis: Méier, Benfica, Copacabana, Barra e Ilha do Governador. A ideia era impactar o mínimo do trânsito e estacionar na porta da Prefeitura. Vários taxistas foram de carona, com três, quatro pessoas no mesmo carro", afirmou o diretor do sindicato, Alexandre Rezende, acrescentando que os desdobramentos após o ato foram inesperados. "O Sindicato não seguiu junto aos taxistas em direção ao Centro. Foram taxistas independentes que tiveram a ideia", acrescentou.

Um manifestante que pediu para não ser identificado contou que grupos mais radicais começaram enfrentamentos com a PM e a arremessar ovos em veículos que passavam ainda na frente da prefeitura. Depois seguiram para outros locais da cidade.

Um motorista de Uber, que não também não quis se identificar, teve o carro cercado na alça de acesso ao Túnel Santa Bárbara, quando levava um passageiro em direção à Zona Sul. "Chutaram, jogaram ovos, arranharam, amassaram e ameaçaram virar o meu carro, para o desespero do meu cliente, que, assim como eu, entrou em pânico", contou ele, estimando o prejuízo em R$ 4 mil. A prefeitura informou mobilizou agentes e que, para minimizar os impactos no trânsito, montou uma faixa reversível no Rebouças.

Cobertura de Rafael Nascimento, com os estagiários Felipe Furtado, Luana Dandara e Natasha Amaral

Ferido foi para o Souza Aguiar
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Durante a confusão no Túnel Rebouças, na tarde de ontem, o taxista Raphael Moraes Novaes ficou ferido e foi levado para o Hospital Municipal Souza Aguiar na viatura da PM. Colegas que estavam no local disseram que ele levou dois tiros de bala de borracha e caiu no chão, batendo com a cabeça. Amigo do taxista, Vitor Otero, informou no início da noite de ontem que Raphael estava bem.
"Não conseguimos achá-lo. Pensamos que ele estava desaparecido, mas depois soubemos que ele foi para o hospital. Falei com ele pelo telefone e já estava melhor", disse Vitor.
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Mais cedo, por volta das 9h30, no acesso ao Aeroporto Santos Dumont, um outro taxista foi atingido de raspão por uma bala de borracha. Ele foi repreendido por um policial, pois jogava ovos e bomba 'cabeça de nego' nos carros que chegavam ao local. "Estou jogando para fazer barulho e não para machucar", gritou o taxista para um dos militares do 5º BPM.
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Limitação de motoristas
Entre os pleitos dos taxistas está o fato de o decreto não ter limitado o número de carros a circular por aplicativos. Por nota, o prefeito Marcelo Crivella informou que está estudando juridicamente a possibilidade de aumentar a cobrança da taxa para carros de aplicativos que não tem placa do Rio. "Se for possível aí eu vou buscar um consenso entre os aplicativos e os táxis. Eu não pratico a política do me engana que eu gosto, não faço isso", afirmou. Pelo decreto publicado, os aplicativos serão taxados em 1% do valor das corridas, sem distinção das placas.
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De acordo com o diretor do Sindicato, Alexandre Rezende, o objetivo do protesto foi mostrar a indignação com o decreto, além da falta de distribuição de autonomias. "Na próxima terça, vamos à Câmara de Vereadores propôr um projeto de lei com regras diferentes", alegou.
O taxista Cosmo da Silva, há mais de 20 anos no táxi, participou do protesto. "Minha renda caiu 60%. O prefeito não cumpriu com o que ele prometeu de limitar o número de carros. Não tem serviço para todo mundo".
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