Rio - O delegado Giniton Lages, da Delegacia de Homicídios (DH) afirmou que a reprodução simulada das mortes da vereadora Marielle Franco (Psol) e do motorista Anderson Pedro Gomes, que ocorre desde o início da noite desta quinta-feira, é imprescindível para o sucesso da investigação. Lages destacou que o sigilo também deve ser parte da ação. "Essa atividade que desenvolveremos hoje é muito importante, principalmente em investigações complexas como essa que estamos trabalhando. Como todos sabem, nós não contamos com imagens da dinâmica. Não temos imagens do momento em que o crime ocorre. Então, em investigações que esse problema ocorre. há reprodução simulada, que se mostra uma ferramenta imprescindível", disse.
"Contamos com as testemunhas presenciais localizadas, que já fazem parte da investigação do inquérito. Essas testemunhas voltam no cenário do crime. Isso é importante, as percepções auditivas e visuais delas para ajudar na dinâmica do crime. É preciso ter a percepção exata da movimentação dos veículos. É preciso ter a percepção auditiva e com ela levantarmos qual armamento empregado. Se há perícia ou não do atirador, o manuseio dessa arma e qual é o disparo realizado. Se é disparo em rajada, se é intermitente. São perguntas muito importantes para a continuidade das investigações", pontuou.
"Os dados sobre a investigação seguem em sigilo. Outros que não pertencem a investigação que acabaram sendo divulgados por uma outra outra mídia. A DH continuará cumprindo seu protocolo: não confirmar nenhuma informação apresentada por qualquer mídia. Essa investigação não pode abrir mão do absoluto sigilo. É preciso garantir para o sucesso dessa investigação, em razão de sua complexidade, absoluto sigilo”, finalizou o delegado.
A reprodução simulada reúne testemunhas do crime e se concentra na Rua João Paulo, onde Marielle e Anderson foram alvejados. Por volta das 23h, os peritos repetiram o trajeto dos carros dos assassinos e das vítimas. Também acompanharam a reprodução o secretário de Segurança, general Richard Nunes, e o chefe de Polícia Civil, Rivaldo Barbosa, além do deputado Marcelo Freixo e da viúva de Marielle, Monica Benício.
Arma que matou vereadora e motorista é uma submetralhadora
A perícia da Polícia Federal já tem uma certeza: a submetralhadora utilizada para matar a vereadora e seu motorista é uma HK MP5. Na reconstituição do crime, ela será utilizada com e sem silenciador. Resta essa dúvida dos investigadores. Além disso, o fato da munição utilizada no crime ser de treinamento, conforme comprovou a perícia, tende a provocar menos barulho do que a munição conhecida como "mais P" (mais pólvora), o que poderia explicar o fato das pessoas nas redondezas não terem escutado os disparos.
De acordo com o especialista em armas, Vinícius Cavalcante, a MP5 "é a Ferrari das submetralhadoras". Ela é utilizada pela polícias do Rio, principalmente em retomada de reféns, por ser considerada uma arma precisa e com baixo recuo.
"Não é preciso ter um treinamento especial para seu manuseio. Mas é uma ama cara, não sendo utilizada pela criminalidade com frequência", apontou Cavalcante.