Vereador Marcello Siciliano - Estefan Radovicz / Agência O DIA
Vereador Marcello SicilianoEstefan Radovicz / Agência O DIA
Por O Dia

Rio - Gravações telefônicas mostram que o vereador Marcello Siciliano, apontado por uma testemunha como um dos envolvidos na morte de Marielle Franco e Anderson Gomes, tinha um estreito relacionamento com a milícia. No seu depoimento, revelado pelo O Globo e confirmado pelo DIA, o delator aponta o miliciano Orlando de Curicica e o parlamentar como os mandantes dos crimes. Ambos negam participação nos assassinatos e serão ouvidos esta semana pela polícia. 

Nas duas conversas telefônicas, mostradas pelo Fantástico, Siliciano mostra intimidade com um miliciano do outro lado da linha, chamado o interlocutor de irmão e se despedindo com um "te amo". 

Marcello Siciliano: Fala irmão.

Miliciano: Faaaala irmão! Boa noite

Siciliano: E ai, irmão? Tranquilo?

Miliciano: Tranquilo

Miliciano: Os bandidos lá mataram um amigo nosso. Tu podia dar um toque no pessoal do 31 para ficar de olho. Se botar uma blitz ali, vai pegar.

Siciliano: Vou mandar botar agora. Na volta eu passo aí. Beijo

Miliciano: Tá bom. Beijo, fica com Deus.

Siciliano: Te amo, irmão.

Em outra conversa, Marcello Siciliano pede ajuda para inaugurar um projeto em uma área dominada pela milícia. Ele revela para o miliciano que está com "dificuldades" com um dos integrantes do grupo criminoso. 

Marcello Siciliano: O garoto ia começar a fazer o projeto lá hoje, aí o rapaz chegou lá e falou assim: 'Não, não vai fazer nada aqui, não'.

Miliciano: Não, pode ir.

Siciliano: Eu posso ir lá atrás da pessoa, para resolver no teu nome?

Miliciano: Pode, eu vou te mandar o telefone dele aqui.

Em nota ao Fantástico, o vereador voltou a afirmar que nunca teve envolvimento com a milícia. Também falou que já foi investigado, mas não chegou a ser indiciado. Ele se colocou à disposição da polícia para quaisquer novos esclarecimentos.

O ex-chefe de uma milícia Orlando de Curicica, preso desde outubro do ano passado, também negou, por meio de carta, divulgada pelo DIA, qualquer participação no assassinato de Marielle Franco. No documento ele também acusou o delegado Giniton Lages, da Divisão de Homicídios (DH),de tentar convencê-lo a confessar envolvimento no crime.

"Ele foi visitado pelo delegado titular da DH, doutor Giniton, que fez uma proposta que eu considero uma ameaça, dizendo a ele o seguinte: 'Ou você assume esse crime ou vou embuchar mais dois homicídios nas suas conta e vou lhe transferir para Mossoró. Se você assumir, eu consigo um perdão judicial", falou o advogado de Orlando, Renato Darlan.

Através de sua assessoria de imprensa, a Polícia Civil informou que o delegado Giniton Lopes esteve no presídio para tomar o depoimento de Orlando sobre o assassinato de Marielle, mas ele não quis falar.

Número de celular dado por testemunha bate com um que era investigado

A reportagem do Fantástico também mostrou que um número de telefone celular fornecido pela testemunha do caso Marielle à polícia que teria sido usado pelos assassinos no dia do crime  bate com o mesmo que já era alvo de investigação.

Dias após o atentado, a Polícia Civil recuperou dados das cinco empresas de telefonia que operam na região percorrida pelas vítimas. As informações foram coletadas por 26 antenas de celulares do trajeto feito pelo carro da vereadora. Dos sinais de telefones celulares usados no percurso, um deles é o mesmo passado semanas depois pelo delator.

 

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