Banco Bradesco foi novamente alvo de bandidos -  Maíra Coelho
Banco Bradesco foi novamente alvo de bandidos Maíra Coelho
Por Nadedja Callado

Rio - Com mais uma explosão na agência do banco Bradesco na Rua General Glicério, em Laranjeiras, na Zona Sul, moradores do entorno estão preocupados. Além da violência do bairro, eles temem que esse tipo de ação criminosa possa comprometer estruturalmente os edifícios. O crime aconteceu na madrugada de ontem, quando a agência ainda estava cercada por tapumes por conta do último ataque, que aconteceu apenas oito dias antes. Procurado, o Bradesco não quis comentar o caso.

O síndico do edifício residencial que fica sobre a agência, José Gonçalves, 85, disse que precisou solicitar vistoria à Defesa Civil nas duas ocasiões. "Da última vez disseram que a explosão foi longe das vigas de sustentação, e não houve perigo. Mas agora explodiram outra vez, é um perigo, um absurdo. Nunca esteve nesse nível", disse ele, que mora no edifício há 36 anos. O edifício aguarda uma nova vistoria. Quem passava pela portaria só falava no incidente. "Como moro em um andar baixo, a explosão acordou todo mundo", contou uma moradora, que preferiu não ser identificada.

Para o engenheiro civil e professor da Escola Politécnica da UFRJ, Eduardo Qualharini, é preciso ter cuidado em caso de várias explosões em um curto intervalo de tempo. "Nesse caso, como aconteceu duas vezes, é preciso ficar de olho. Não comprometeu na primeira vez, mas pode comprometer da segunda", explicou. "Ainda que o edifício seja bem construído, tudo depende da força e local da explosão, da idade da estrutura, são vários fatores. É importante que se faça uma vistoria, que tudo seja bem consertado. Até mesmo edifícios do entorno podem ser afetados", completou o especialista.

Após o roubo, policiais do 2º BPM (Botafogo) foram acionados para o local. De acordo com informações do batalhão colhidas com testemunhas, bandidos armados chegaram em dois carros e pararam em frente à agência. Logo em seguida, explodiram os caixas eletrônicos e fugiram. O valor roubado não foi divulgado. Um cerco foi montado na região, mas ninguém foi preso. O caso foi registrado na 9ª DP (Catete).

ROUBOS EM ALTA

Como O DIA vem noticiando, o aumento na violência em Laranjeiras é sentido pelos moradores e comerciantes há alguns meses. "Isso aqui está um inferno, é assalto todo dia", declarou um morador, que preferiu não se identificar. O chaveiro Josué, 72, que há 45 anos trabalha em frente ao banco roubado, disse que a situação vem piorando no último ano. "Além de trabalhar aqui, sou morador do bairro há décadas. Agora tem todos os tipos de roubo, violência, já presenciei um sequestro. Laranjeiras costumava ser um bairro tranquilo, mas não é mais", disse ele.

De acordo com os dados do Instituto de Segurança Pública (ISP), os roubos a estabelecimentos comerciais na área que abrange, além de Laranjeiras, os bairros do Catete, Cosme Velho, Flamengo, Glória, Botafogo, Humaitá e Urca, saltaram 123% no primeiro trimestre de 2018. De janeiro a março deste ano foram 116 casos, contra 52 em igual período de 2017. Já os roubos de rua aumentaram 50,4% no mesmo intervalo. Foram 844 em 2018, ante 561 no ano passado. Procurada, a Defesa Civil municipal não respondeu sobre os prazos para atender aos pedidos de vistorias nos prédios, nem quantos chamados já foram feitos.

Criança baleada em colégio na região
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Uma bala perdida atingiu uma criança dentro do Colégio São Vicente de Paula, na Rua Cosme Velho, vizinha ao bairro de Laranjeiras. Segundo mães de alunos, a criança estaria em uma das quadras da escola, que fica em uma região cercada por diversas comunidades.
Segundo a PM, a vítima foi levada para o Hospital Memorial, na Rua Muniz Barreto, em Botafogo. A unidade de saúde não confirmou o estado de saúde nem a idade da criança. De acordo com informações não oficiais de policiais, a criança teria passado por cirurgia e não corria risco de morrer.
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Um funcionário do colégio confirmou, sem entrar em detalhes, que uma mãe teria saído às pressas da instituição, com uma criança machucada. Nenhum porta-voz da escola foi encontrado pelo DIA para dar maiores informações sobre o ocorrido. Após a ocorrência, diversas viaturas da PM foram vistas seguindo em direção às comunidades de Santa Teresa, que também são vizinhas ao bairro de Laranjeiras.
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