Eduardo Carlini, com sua filha na porta do colégio, decidiu ir morar no Canadá devido à violência no Rio - Maíra Coelho / Agência O Dia
Eduardo Carlini, com sua filha na porta do colégio, decidiu ir morar no Canadá devido à violência no RioMaíra Coelho / Agência O Dia
Por CÁSSIO BRUNO

Rio - O gerente administrativo do Colégio São Vicente de Paulo, Luiz Fernando Prado, disse ontem que vai aguardar o resultado da perícia para tomar novas medidas de segurança na unidade, que fica no Cosme Velho, na Zona Sul. Um bebê de 6 meses foi atingido no ombro na noite de segunda-feira por uma bala perdida.

O bebê estava no colo da mãe. Ela esperava pelo outro filho, que jogava futebol em uma das três quadras do colégio. O local não tem cobertura e foi periciado por agentes da Polícia Civil. "Vamos interditar a quadra até sair o resultado da perícia", afirmou Prado.

O bebê, operado no Hospital Pediátrico da Lagoa, não corre risco de morrer. A bala retirada da criança não deixará sequelas, segundo a diretora-médica Gina Sgorlon. A cirurgia durou duas horas e 10 minutos.

A polícia não deu detalhes da investigação. Informou apenas que não houve confronto em favelas próximas à escola.

O caso repercutiu entre os pais dos alunos do Colégio São Vicente de Paulo, que conta com 1.600 estudantes, de 5 a 17 anos. O custo da mensalidade é de R$ 2 mil. A unidade, inaugurada há 59 anos, tem câmeras de segurança e circuito de TV.

"Vou morar no Canadá com a minha família por causa da violência do Rio. Não dá mais para criar as minhas filhas aqui", desabafou Eduardo Carlini, de 47 anos, pai de duas alunas do Colégio São Vicente de Paulo.

A escola fica a 600 metros de agência bancária, em Laranjeiras, onde, por duas vezes em oito dias, bandidos explodiram caixas eletrônicos. Segundo o aplicativo Fogo Cruzado, foi a 15ª criança atingida por bala perdida no Rio em 2018.

Nas redes sociais, os pais do bebê lamentaram. "Tristeza é o sentimento que me assola nesse momento e pelo que nossa sociedade está passando. E por acreditar que não existe mais lugar seguro no Rio", escreveu o pai. "Não acredito no que está acontecendo com a nossa família", afirmou a mãe.

Você pode gostar
Comentários