Caram e o filho Henrique, de 10 anos, construíram juntos um carrinho de rolimã - Divulgação
Caram e o filho Henrique, de 10 anos, construíram juntos um carrinho de rolimãDivulgação
Por FRANCISCO EDSON ALVES

Rio - No auge dos aparelhos eletrônicos e redes sociais, o velho carrinho de rolimã surgiu no final da década de 1960 e andou sumido nos últimos 30 anos. Agora está voltando a fazer parte da diversão de crianças e adultos no Rio. Nos bairros Santa Cruz, Campo Grande, Guaratiba, Realengo e Jacarepaguá, a paixão pelo rústico brinquedo de madeira e rodinhas de rolamentos de aço, está, literalmente, desenfreada. Nessas regiões, cresce o número de grupos com nomes e camisas personalizadas, que se reúnem para descer ladeiras, alguns a mais de 60 km/h.

Há encontros e competições em outros estados. No perfil Rolimã Brasil, no Facebook, há mais de 70 provas agendadas pelo país. No calendário, há eventos como o da Prefeitura de Volta Redonda, no Sul do estado, que no dia 1º de julho fará a segunda edição da Corrida Maluca. No Rio, se planeja o Primeiro Campeonato Inter-bairros de Rolimãs.

"Os grupos reúnem pais, filhos, tios e avós, desde a construção dos carrinhos, nos deixando por horas e horas afastados da internet, aparelhos celulares, tabletes e vídeos games", conta o caminhoneiro Cláudio Silva, de 46 anos, da Equipe Mania de Rolimã, de Campo Grande, pai de Ana Giulia, 9. "Quando vi minha filha descendo a Praça Pedro Ferreira pela primeira vez no carrinho de rolimã, chorei de emoção. Virei criança novamente", confessa.

O analista de sistemas Caram Nicolau Jr., 36, pai de Henrique, 10, montou um carrinho com o filho. "Os momentos felizes juntos são nosso combustível", relata Caram, orgulhoso. "Ganhei novas amizades", diz Henrique.

Em Campo Grande, na Zona Oeste, os carrinhos de rolimã reúnem adultos e crianças nos fins de semana - Divulgação

Demétrio Martins, 47 anos, pai de Dimitri, de 13, é um dos responsáveis pela expansão dos carrinhos de rolimã na região. "Começamos em fevereiro com quatro integrantes. Agora são 50", comenta. Para tornar as descidas mais seguras, moradores pleiteiam o fechamento de ruas íngremes nos finais de semana e feriados.

Pela internet, a venda de carrinhos de rolimã está aquecida. Os preços variam de acordo com os modelos. Os mais simples custam pouco mais de R$ 100, e os que têm estruturas e designs mais avançados, como o invocado rolimã street kart, chegam a R$ 2 mil. "Mas o bom mesmo é montar os carrinhos com os filhos. São momentos mágicos", aconselha o representante comercial Alexander Pereira, 41 anos, pai de Vítor, 12.

O técnico em telecomunicações Carlos Eduardo Silva, o Cacá, 38, se emociona: "O carrinho me aproximou mais do meu filho, Caio, de 11 anos".

Emoção a 100 Km/h precisa de proteção
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Mais nova opção de presentes para crianças de ambos os sexos, os carrinhos de rolimã podem chegar a quase 100 km por hora. O recorde (97 kmh) é de um paranaense. Por isso o uso de capacete, joelheiras, cotoveleiras e luvas, é recomendado, assim como freios.
A integração familiar que a brincadeira promove é exaltada em estudo sueco sobre 24 pesquisas comportamentais, que indica que a maior participação dos pais em atividades recreativas dos filhos, reduzem a tendência de jovens a vícios, como uso compulsivo de celulares, de bebidas e drogas. Além de diminuir sensivelmente possíveis riscos futuros conflitos, inclusive com a polícia.
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Outra pesquisa, da Universidade de Pensilvânia (EUA), mostrou que filhos que passam mais tempo em atividades com pais, "possuem maior autoestima e habilidades sociais". O levantamento foi feito com 200 famílias e publicado na Revista Child Development.
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