Ato de alunos e professores da UFRJ também foi realizado em frente ao Centro de Ciências da Saúde, onde foram registrados os últimos casos de violência na Cidade Universitária - Maíra Coelho / Agência O Dia
Ato de alunos e professores da UFRJ também foi realizado em frente ao Centro de Ciências da Saúde, onde foram registrados os últimos casos de violência na Cidade UniversitáriaMaíra Coelho / Agência O Dia
Por NADEDJA CALADO

Rio - Diante da onda de violência que atingiu a Cidade Universitária da UFRJ, na Ilha do Fundão, Zona Norte do Rio, a administração da Universidade pretende reforçar o efetivo de segurança, aumentar a iluminação, instalar mais câmeras de vigilância, e fazer estudos de trânsito para avaliar a possibilidade de fechar algumas das entradas e saídas do campus. A grande aposta para a melhoria da segurança, porém, é a implementação do Programa Estadual de Integração na Segurança (Proeis), que será financiado com recursos da Petrobras e deve contar com oito policiais em quatro viaturas, 24h por dia. A previsão de instalação é para a primeira quinzena de junho. O anúncio foi feito nesta quarta-feira.

"Este ano tivemos ao menos sete casos gravíssimos de sequestros no campus. Infelizmente a Cidade Universitária se tornou alvo de situações de extrema violência, gravidade e terror, que estão causando dor, angústia e preocupação a nossa comunidade acadêmica" disse o professor Roberto Leher, reitor da Universidade.

 

O prefeito da Cidade Universitária, Paulo Mario Ripper, detalhou as previsões para esquema de segurança do campus. O pórtico de entrada à Ilha, por exemplo, deve ser equipado com duas câmeras para registro facial de todos os motoristas que entrarem no campus. A Prefeitura também vai pleitear junto ao MEC recursos para a instalação de mais 32 câmeras de segurança para cobrir pontos cegos deixados pelas 288 já instaladas; e para a compra de quatro novas viaturas para a Divisão de Segurança (Diseg) da UFRJ, que faz segurança predial e patrimonial da Universidade. E até a instalação do Proeis, o 17º BPM (Ilha do Governador) vai destacar cinco viaturas e mais uma unidade de policiais à paisana para o campus. Até então, uma viatura fixa e uma móvel faziam a segurança.

O prefeito também disse que vai se reunir com a CET-Rio e Guarda Municipal para tentar modificar o trânsito do Fundão. "Somos uma ilha, temos três acessos e quatro saídas, milhares de carros passam por aqui. Queremos avaliar a possibilidade de fechar algumas das vias de entrada, para facilitar a segurança com viaturas nas demais", disse ele, ressaltando que a medida pode impactar no trânsito de diversas regiões do entorno.

O reitor ainda cobrou empenho da Polícia Civil nas investigações dos crimes ocorridos. "Precisamos ter respostas sobre os sequestros, sobre os grupos criminosos que atuam com a Cidade Universitária como alvo", declarou ele. Leher ainda lamentou a falta de concursos públicos para reposição de funcionários para a Diseg. Segundo ele, não há provas para esses cargos desde os anos 90. "Ter um corpo próprio de segurança é imprescindível. Nos preocupa não termos oportunidade e recursos para conseguir mais pessoal e atuar de forma integrada ao policiamento estadual", disse, ressaltando que a Diseg custa anualmente R$50 milhões aos cofres da Universidade.

Alunos e professores protestam contra violência

Alunos e professores participaram de um ato contra a violência na Ilha do Fundão organizado pela Associação de Docentes da UFRJ (Adufrj), em frente ao Centro de Ciências da Saúde, local onde foram registrados os últimos casos de violência na cidade universitária.

Cláudio Lenz César, 53 anos, professor do Instituto de Física desde 1998 estava com um cartaz criticando a administração da universidade, que dizia: "Menos ideologia, mais ação, xô administração inapta". O acadêmico diz que "há muito tempo a reitoria poderia ter tomado alguma atitude pra coibir os problemas de segurança". 

"Eu tive um colega lá no instituto que leciono, que também foi sequestrado. É impossível trabalhar dessa forma, é uma vergonha", criticou Cláudio.

Já Glenda Amorim, estudante de medicina e representante do Diretório Central dos Estudantes (DCE) da UFRJ, espera que no conselho universitário, que acontece nesta quinta-feira, seja debatida uma solução entre as várias esferas da universidade.

"É muito importante pensar numa solução, porquê além da comunidade acadêmica, vários setores da universidade atendem gente de fora, de todos os lugares do Rio. Espero que se consiga encontrar soluções democraticamente pra resolver essa situação", declarou a estudante.

Nesta quinta-feira, estão previstas diversas manifestações no conselho universitário, que é a instância máxima de deliberação da Universidade.

 

 

 

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