Crivella garantiu 40% dos ônibus nas ruas nesta segunda-feira - Rodrigo Teixeira/Agência O DIa
Crivella garantiu 40% dos ônibus nas ruas nesta segunda-feiraRodrigo Teixeira/Agência O DIa
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Rio - Vários serviços deixarão de ser prestados nesta segunda-feira no Rio, devido à paralisação dos caminhoneiros que hoje completa oito dias. Por conta da dificuldade de circulação de ônibus e do BRT, escolas e creches municipais, universidades públicas e particulares e alguns hospitais suspenderam aulas e o atendimento. O TJ, o MP e Defensoria atenderão por meio de plantão. O TRE e o TRT do Rio suspenderam o funcionamento. O governo do estado, no entanto, manteve as atividades normais, inclusive de escolas e hospitais.

Com a falta de combustível para transporte público, o prefeito Marcelo Crivella determinou recesso nas escolas e creches municipais tem mais de 40 mil profissionais e servem um milhão de merendas por dia. A Prefeitura de Nova Iguaçu suspendeu as aulas por conta da dificuldade de professores e pessoal de apoio de chegarem ao trabalho. Somente, no Município do Rio, 650 mil crianças ficarão sem aula nesta segunda-feira.

"Nas escolas teremos recesso (hoje) e amanhã (terça-feira) à tarde nova avaliação (será feita) do que teremos para que na terça tenhamos aulas normal", disse Crivella, que garantiu que não haverá interrupção na coleta do lixo pela Comlurb. "O Rio não parou e não vai parar", ressaltou.

O governador Pezão garantiu que o estado não terá ponto facultativo e que as escolas e serviços de Saúde vão funcionar normalmente. Ele participou de reunião com o interventor federal, general Braga Netto, e o secretário de Segurança, general Richard Nunes, no Centro Integrado de Monitoramento e Controle para tratar do funcionamento dos órgãos públicos.

"Sem ponto facultativo. As escolas estaduais vão funcionar", destacou Pezão, que garantiu aula e merenda para quem se deslocar às unidade. O governador também manteve pleno fornecimento de água pela Cedae.

Universidades sem aula

Quatro universidades públicas decidiram cancelar as aulas. Segundo a Uerj, a escassez de combustíveis provocou a suspensão, exceto de atividades essenciais. Já a UFRJ informou que as aulas da graduação e pós-graduação foram suspensas. A UFF divulgou que há impacto direto na mobilidade urbana e segurança. A Universidade Rural do Rio informou a suspensão das atividades nesta segunda-feira".

Na área da Saúde, o Hospital Hospital da Posse suspendeu as cirurgias eletivas para manter o atendimento na emergência e dos pacientes internados. Houve remanejamento de funcionários para que os plantões estejam com o quadro completo. Não há falta de insumos ou medicamentos, mas a situação pode agravar a partir de amanhã. A Maternidade Mariana Bulhões pode ter problemas a partir de amanhã.

Correção: Ao contrário do que O DIA informou anteriormente, o Restaurante Popular Cidadão Jorge Amado, em Niterói, funcionará normalmente nesta segunda-feira. 

Cidade fica sem movimento e feiras continuam com preços altos
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Mesmo com um domingo de sol, a redução de viagens do BRT que só funcionou com apenas 20% da capacidade 13% de ônibus comuns rodando na cidade resultou em vários pontos da cidade vazios. As praias de Copacabana e Ipanema eram um deles e via-se faixas de areias sem banhistas. O movimento na Central do Brasil também foi pequeno e os passageiros que se aventuravam, esperavam muito tempo para pegar um ônibus. Ontem, dos quase 400 ônibus do BRT, apenas 50 funcionaram.
Na feira da Glória, o que se via eram comerciantes cabisbaixos por conta da falta de produtos para vender. Várias barracas não funcionaram. Mas os preços altos, em especial da alface que na feira da Glória estava sendo comercializada a R$ 12, a unidade e o mamão papaia, que estava sendo vendido a R$10 cada um chamava a atenção dos consumidores. Com a dúzia da tangerina a R$15 e a dúzia de ovos a R$ 10, muita gente resolveu não levar os produtos para casa.
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Prefeito garante 40% de ônibus hoje nas ruas do Rio
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O prefeito Marcelo Crivella garantiu, ontem a circulação de 40% das frotas de ônibus nas ruas do Rio a partir desta segunda-feira. Ele detalhou o planejamento de funcionamento dos órgãos públicos durante a paralisação dos caminhoneiros em reunião com integrantes de vários órgãos da prefeitura no Centro de Operações Rio (COR).
"Quarenta por cento dos ônibus vão funcionar amanhã (hoje). Há decisão da Justiça para que os serviços públicos de transporte recebam combustível. As empresas vão colocar a disposição da população 40% da sua frota. Isso incluí ônibus de BRTs", destacou.
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O BRT Rio informou que mais cinco caminhões com combustível foram liberados e seguiram para as garagens das empresas consorciadas do sistema. Das 0h às 4h de hoje, o sistema vai operar com 16 articulados, cerca de 5% da frota. Vão funcionar os serviços 11 (Santa Cruz X Alvorada Parador); 35 (Madureira X Alvorada Parador); 50 (Centro Olímpico X Jardim Oceânico Parador); e 51 (Recreio X Vila Militar Parador), com intervalos variando de 20 a 45 minutos. O consórcio ainda definiria as linhas que vão funcionar depois das 4h. Os serviços do eixo da Cesário de Melo e do trecho entre Madureira e Galeão permanecem interrompidos.
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Políticos concordam que situação preocupa
Com oito dias de paralisação dos caminhoneiros, políticos reconhecem que a situação é preocupante. O deputado federal Miro Teixeira (Rede-RJ), disse que há risco de saques. Para ele, a questão ultrapassa a greve, porque há descontentamento da população com o governo."O Brasil está sem governo. E se o desespero do desabastecimento levar a saques teremos caos social e consequências imprevisíveis", afirmou.
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Para o deputado, uma nova eleição já se torna necessária. "A confiança só retornará com eleição direta. Se tivéssemos partidos fortes e Parlamento respeitável faríamos agora o impeachment de Temer", disse.
Chico Alencar (Psol-RJ) afirmou que "a greve é como a febre de um corpo que tem infecção profunda. E qual a infecção? Desgoverno Michel Temer", comparou. O deputado estadual Luiz Paulo (PSDB-RJ) disse que faltou gestão. "A greve demonstra um governo desastroso que através do Pedro Parente, presidente da Petrobras, que aplicou política de preços para os combustíveis inaceitável e não foi capaz, através do presidente Temer e assessores, mediar uma saída. Conclusão: prejuízo incalculável para o Brasil e para a população". O deputado estadual Carlos Minc (PSB-RJ) criticou o governo. "Foi total incapacidade de previsão de Temer da óbvia reação forte. Péssima estratégia de negociação. São responsáveis pelo caos", opinou.
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O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), enviou ontem mensagem aos deputados. Ele solicitou que todos compareçam hoje a Brasília. "O Brasil passa por uma crise profunda. É fundamental que, neste momento, que a Câmara esteja atenta e pronta para colaborar com soluções para os graves problemas enfrentados", escreveu.
Os presidenciáveis também se manifestaram. Guilherme Boulos (Psol) criticou o governo. "O presidente Temer é o principal responsável pela greve e crise de desabastecimento sem perspectiva de retorno à normalidade. A solução para o cenário caótico que ameaça a população passa pela demissão do presidente da Petrobras, Pedro Parente, e imediata mudança na política de preços dos combustíveis, priorizando os brasileiros e não o mercado", disse.
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Manuela D'Ávila, pré-candidata do PCdoB, afirmou que "o governo Temer não tem habilidade para negociar". "Um governo ilegítimo não tem força, moral ou autoridade para dialogar. Não tem os pressupostos para negociar, achar rumos e encontrar saídas. Assim, a cada crise, apela para o uso da força, no caso, a das Forças Armadas, que acabam tendo o papel distorcido e vulgarizado", disse.
Em tom de campanha, Jair Bolsonaro (PSL-RJ), afirmou que "um futuro presidente honesto e patriota deve revogar qualquer multa, prisão ou confisco a caminhoneiros que sejam determinados por Temer ou pelo ministro Raul Jungmann".
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Pezão cobra reciprocidade de grevistas
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O governador Luiz Fernando Pezão cobrou ontem 'reciprocidade' dos caminhoneiros que estão parados há oito dias e provocando desabastecimento de combustíveis, alimentos, remédios e outros itens no estado.
"Faço também um apelo a todo o movimento. Fomos o primeiro Estado a atender as revindicações. Baixamos em quatro pontos percentuais o ICMS e isso já está com a Alerj. Atendemos o pedido de mudança de frete. Esperamos essa reciprocidade. Que eles saiam dos piquetes", conclamou o governador, referindo-se às reivindicações atendidas pelo Estado do Rio.
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Os caminhoneiros que participam da paralisação em estradas do Rio estão dispostos a se desmobilizar, informou ontem uma das lideranças do movimento no estado, Francisco Silva. Ele lembrou que a categoria já conseguiu os dois compromissos que buscou com o governo: a redução do ICMS sobre o diesel, de 16% para 12%, e a mudança do recolhimento do imposto, que irá desonerar as transportadoras.
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