Fabiana Cozza foi criticada por ser branca demais para o papel. Cantora, que se considera negra, decidiu sair da peça para dar espaço a uma cantora de pele mais negra que a sua  - Reprodução facebook
Fabiana Cozza foi criticada por ser branca demais para o papel. Cantora, que se considera negra, decidiu sair da peça para dar espaço a uma cantora de pele mais negra que a sua Reprodução facebook
Por O Dia

Rio - Após ser escolhida para viver a grande dama do samba no musical “Dona Ivone Lara - um sorriso negro”, a cantora paulista Fabiana Cozza decidiu renunciar ao papel por conta de críticas por ser “branca demais” para compor a personagem.

No post compartilhado pela artista no dia 30 de maio, onde anunciava o seu mais novo trabalho, os comentários críticos à sua decisão não demoraram a aparecer.

"Parem de embranquecer nossa negritude", "Essa alegria e honra deveriam ser demonstradas respeitando a memória de Dona Ivone, que tinha a pele RETINTA" e "Vc não é branca, fato. Mas não é honesto da sua parte interpretar uma mulher preta retinta como Dona Ivone! Vergonhoso. Espero que não haja aquela make escurecedora de pele…", foram alguns dos comentários compartilhados.

Dona Ivone Lara - Reprodução facebook

O post de renúncia, publicado neste domingo, também sofreu fortes críticas: "Não fez mais do que a sua obrigação em renunciar. Poderia ter tido bom senso, auto reflexão e apenas pedido desculpas e não ter feito um textão reproduzindo ainda mais o racismo e se colocando como vitima de outras pessoas pretas... Qual é a sua parte Preta afinal? Nesse texto eu só vi a parte branca", disse uma internauta. "‘Fui dormir preta e acordei branca...isso eh impossivel! Vc foi dormir branca e acordou branca", "Fez muito bem em renunciar, pois é fato que Dona Ivone merece ser representada por uma negra retinta, como ela, tão orgulhosa de sua raça", criticaram internautas. 

Na opinião de Frei David Santos, diretor da ONG Educafro, o debate é oportuno porque "discute-se o privilégio de ser pardo no cenário onde o povo negro começa a ter espaço". "A soma de preto e pardo é o que convencionamos com o IBGE de chamarmos de negros. Nós pardos somos negros, mas não somos pretos. Se não abrirmos nossa mente crítica, seremos usados para escamotear a opressão aos pretos", avaliou Frei David, que elogiou a atitude da cantora de renunciar ao papel. Tanto o post de renúncia como o de 30 de maio tiveram, além das críticas, mensagens de apoio à cantora também.

O musical está previsto para entrar em cena a partir de 14 de setembro, no Teatro Carlos Gomes, na cidade do Rio de Janeiro (RJ).

Veja a íntegra da publicação onde Fabiana Cozza renuncia ao papel. 

 

 

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