O projeto visa atender famílias de baixa renda do Estado do Rio  - Arquivo/Agência Brasil
O projeto visa atender famílias de baixa renda do Estado do Rio Arquivo/Agência Brasil
Por Agência Brasil

Rio - A tensão vivida pelos brasileiros no primeiro tempo da partida contra o México é parte da vida da rotina de quem mora na favela da Rocinha. A comunidade da zona sul do Rio, ocupada pela Polícia Militar e palco da disputa entre duas facções criminosas, nestes dias de Copa do Mundo tem esquecido um pouco dos tiroteios e da violência.

Nesta segunda-feira não foi diferente. Os fogos, que normalmente anunciam operações da polícia – e por isso causam medo – desta vez explodiram apenas para comemorar a entrada da seleção em campo e os dois gols brasileiros. Por falta de dinheiro, ou por medo de algum conflito, para este jogo não foi montado telão nas áreas mais tradicionais, como o Largo do Boiadeiro, que costuma atrair muita gente em dias de partidas da seleção.

As ruas principais foram enfeitadas com bandeiras do Brasil e faixas verde-amarelas, mas a diversão ficou concentrada mesmo nas dezenas de restaurantes e botecos da comunidade, todos equipados com televisores de tela plana de diversos tamanhos. Até o ponto de mototaxistas, instalou um televisor, um modelo antigo, de 14 polegadas.

Um dos locais mais animados era o Petisco da Passarela, um boteco com pouco mais de 20 metros quadrados, estrategicamente situado em frente à passarela projetada por Oscar Niemeyer, que liga os dois lados da Auto-Estrada Lagoa-Barra. Lá dentro, 15 torcedores barulhentos, que pareciam se multiplicar, gritavam, sofriam e vibravam a cada lance da partida. Mesmo depois do primeiro gol brasileiro, de Neymar, aos 5 minutos do segundo tempo, a tensão continuava estampada no rosto da cada um, pois um gol mexicano levaria ao empate.

O alívio demorou e só veio aos 43 minutos, quando Firmino rebateu passe de Neymar e entrou com bola e tudo. Aí, a torcida do pequeno bar, e de toda a Rocinha, conseguiu festejar de verdade, pois sabia que não haveria mais reação mexicana capaz de tirar o Brasil da próxima fase.

“O jogo foi difícil no primeiro tempo. Mas depois conseguimos ser mais rápidos que os mexicanos. O Brasil mostrou que tem condições de vencer esta Copa. Só precisa de um jogador que acompanhe e dê mais assistência ao Neymar”, disse Rogério Villas Boas, que tem uma banca de produtos eletrônicos e de telefonia, em frente ao boteco.

A dona do bar era a mais entusiasmada, gritando e tocando corneta a partida toda. “Foi muito bom. Eu quase não vi o jogo, de tanto que gritei. Claro que vamos ser campeões. Com certeza. E o churrasco da vitória vai ser por minha conta”, prometeu Eliene Martins, que, além de tudo, foi a vencedora do bolão da turma do boteco.

Depois da partida, a vida aos poucos foi voltando ao normal na comunidade. Policiais que tinham dado uma pausa no serviço para almoçar e acompanhar o jogo retornaram ao serviço e, na subida principal da comunidade, o posto de comando do Batalhão de Operações Especiais (BOPE) continuava montado.

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