Marcelo Crivella - Reprodução Facebook
Marcelo CrivellaReprodução Facebook
Por O Dia

Rio - O prefeito Marcelo Crivella se pronunciou após a Câmara de Vereadores rejeitar, por 29 votos a 16, a abertura de processo de impeachment contra sua administração. Em um vídeo postado em sua página no Facebook, na noite desta quinta-feira, Crivella pede união para termos um Rio mais justo. 

"É preciso colocar acima de todas essas disputas, o interesse dessa gente sofrida e valente. É por isso que nesse momento, eu conclamo a todos, para que juntos possamos encontrar os caminhos pacíficos para a solução das mais duras controvérsias que nos afligem e, que todos nós possamos erguer os olhos aos horizontes sem fim da esperança dessa cidade tão linda que Deus nos deu", disse. 

Apesar da rejeição do pedido de impeachment, Crivella ainda poderá enfrentar denúncia por violar o princípio do estado laico na administração municipal e privilegiar apenas um segmento religioso em diversos atos. A ação Civil Pública foi ajuizada nesta quarta-feira pelo Ministério Público Estadual. Se condenado, o prefeito pode perder o cargo e pagar multa equivalente a R$ 500 mil. 

Votação

A votação começou às 14h desta quinta. Estiveram presentes 47 vereadores e quatro se ausentaram. Antes da leitura dos votos, os vereadores mal conseguiram ser ouvidos, porque as galerias com grupos pró e contra o impeachment estiveram lotadas e com ânimos bastante acalorados. A vereadora Teresa Bergher (PSDB) propôs, em sua fala, a aprovação da "CPI da Márcia" para averiguar as denúncias contra o prefeito. Mas, segundo a assessoria da parlamentar, a bancada do Psol se recusou a apoiar o pedido.

Assessores de Teresa Bergher dizem que, para não perder o palanque, o Psol está se recusando a assinar a CPI da Márcia. No lado de fora da Câmara, manifestantes adversários quase se agrediram e seguranças tentavam conter o clima de tensão.

"O prefeito só esta legislando para os seus amigos. Esse é um problema. Os nossos pares hoje aqui terão que votar se a gente aceita continuar com esse tipo de política na cidade. Agora, a gente tem uma chance de mudar. Temos a chance de votar aqui e dar o poder de volta para a população carioca com uma nova eleição", disse David Miranda, do Psol. O vereador pediu à Mesa Diretora que o voto seja dado na tribuna para que cada parlamentar possa defendê-lo.

"Não tem fundamento nenhum ate porque temos uma grave crise financeira na cidade e no país e não é dessa forma que vamos resolver os problemas da nossa cidade", opinou o vereador Felipe Michel (PSDB), da base governista.

"Diversas denúncias foram acontecendo durante a gestão do prefeito Crivella. Diversas situações demonstraram que essa administração governava para uma parcela da sociedade. Escutei aqui de vários vereadores que a gravação veio de um veículo de imprensa e por isso não poderia ser levado a sério. Mas na verdade só podemos saber isso se a Câmara instaurar a devida investigação", diz Átila A. Nunes (MDB).

"Os áudios gravados foram falas do próprio prefeito prometendo vantagens indevidas. O pior, inclusive com pré-candidatos da próxima eleição no Palácio da cidade", frisou Nunes, que foi interrompido com gritos de "Não vai ter golpe", por parte de parlamentares pró-Crivella.

"O que nós estamos propondo aqui é a abertura de um processo de investigação. Nós temos que exercer nosso papel. O que decidirmos hoje sinalizará inclusive nao só para essa administração, mas pra futuras administrações. Se a Câmara aceita que o prefeito administre para uma parcela da sociedade ou se vai administrar para todos os cariocas. Essa é a obrigação de qualquer um. Aquele que chega ao poder tem a obrigação de governar para todos e cabe à Câmara investigar sua administração. Nós temos gravações com a própria voz do prefeito. Esse é o grande ponto. Como pode a Câmara Municipal se omitir de investigar? Concordo que precisamos ter acesso à íntegra da gravação para que não haja dúvida. Vamos escutar a gravação para ver se a defesa dele realmente é coerente", finalizou o emedebista.

"É verdade que impeachment não pode ser banalizado mas, não é aceitável que o prefeito use a máquina pública para beneficiar cabos eleitorais. É preciso investigar com rigor e esclarecer para a sociedade o que for apurado", afirmou Luciana Novaes (PT).

"Essa Casa tem obrigação de investigar não só os áudios, mas todas as denúncias que aqui recebemos. Como vereadores, nossa função é fiscalizar o Poder Executivo. Se encerramos esse trabalho sem investigar o ocorrido, não estaremos cumprindo o papel para o qual fomos eleitos", acrescentou a vereadora.

"É a primeira vez que nós vemos a rede de saúde atendendo a população. Agora simplesmente pelo fato de informar a população... realmente é patético chamar de reunião secreta 250 pessoas e imprensa credenciada. Essa prefeitura disponibilizou milhares de cirurgias que em nenhum governo anterior foram colocadas à disposição da população", discursou Jorge Maia (PTB).

"Nós não podemos admitir um procedimento de impeachment de áudio não periciais daqueles que são mais interessados na queda do prefeito Crivella. Eu encerro dizendo não assino nenhuma tentativa de CPI. A CPI, a essa altura do campeonato, é o reconhecimento de que o golpe não vai passar", disse Otoni de Paula (PSC). Otoni de Paula se referiu ao jornal O Globo, que publicou originalmente a reportagem sobre a reunião de Crivella com pastores evangélicos, mencionando que o grupo perdeu verba de publicidade no atual governo.

Após 20 vereadores discursarem, 12 se mostraram a favor da abertura de impeachment contra Crivella e 12 contra, dos 47 presentes. Os ausentes são: Carlos Bolsonaro (PSC), Chiquinho Brazão (Avante), Marcelo Siciliano (PHS) e Verônica Costa (MDB).

A bancada do Psol e a vereadora Teresa Bergher apresentaram três propostas de abertura da CPI. Duas (uma do Psol e outra de Teresa Bergher) têm o objetivo de investigar a fila do Sisreg. A terceira, do Psol, tem a finalidade de investigar privilégios concedidos na isenção do IPTU igrejas, sem que passem pelos trâmites comuns via Secretaria de Fazenda.

Os três requerimentos só reuniram 16 assinaturas cada, faltando uma para ser protocolada a CPI. Então, Psol e Teresa Bergher) tentarão a assinatura restante no dia 1 de agosto, quando terminar o recesso da Câmara.

Em relação aos requerimentos de CPI com a mesma finalidade (Sisreg), será protocolado qual tiver 17 assinaturas primeiro, que correspondem a um terço da Casa. O vereador Tarcísio Motta (Psol) negou que o Psol tenha se recusado a assinar a CPI proposta por Teresa, como assessores dela haviam informado inicialmente. Confira como foi a votação:

Contra a abertura de impeachment (26)

Alexandre Isquierdo (DEM)

Carlo Caiado (DEM)

Cláudio Castro (PSC)

Doutor Carlos Eduardo (SD)

Doutor Jorginho (MDB)

Doutor Jorge Manaia (SD)

Eliseu Kessler (PSD)

Felipe Michel (PSDB)

Inaldo Silva (PRB)

Italo Ciba (Avante)

Jair de Mendes Gomes (PMN)

Jones Moura (PSD)

Júnior da Lucinha (MDB)

Luiz Carlos Ramos Filho (Pode)

Marcelino D'almeida (PP)

Marcelo Arar (PTB)

Otoni de Paula (PSC)

Professor Célio Lupparelli (DEM)

Professor Adalmir (PSDB)

Rocal (PTB)

Tânia Bastos (PRB)

Thiago K. Ribeiro (MDB)

Tiãozinho do Jacaré (PRB)

Val Ceasa (Patriotas)

Vera Lins (PP)

Wellington Dias (PRTB)

William Coelho (MDB)

Zico Bacana (PHS)

A favor da abertura de impeachment (16)

Babá (Psol)

Cesar Maia (DEM)

David Miranda (Psol)

Fernando Willian (PDT)

Leandro Lyra (Novo)

Leonel Brizola (Psol)

Luciana Novaes (PT)

Paulo Pinheiro (Psol)

Rafael Aloisio Freitas (MDB)

Reimont (PT)

Renato Cinco (Psol)

Rosa Fernandes (MDB)

Tarcísio Motta (Psol)

Teresa Bergher (PSDB)

Ulisses Martins (PMN)

Zico (PTB)

 

 

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