Imagens do ladrão e Antonio Carlos (foto à direita), preso injustamente, se espalharam nas redes sociais - Reprodução Internet
Imagens do ladrão e Antonio Carlos (foto à direita), preso injustamente, se espalharam nas redes sociaisReprodução Internet
Por ADRIANO ARAÚJO

Rio - O momento que deveria ser de alívio virou de muita angústia para a família de Antonio Carlos Rodrigues Junior, preso no lugar de um criminoso que roubou a cônsul-geral da Venezuela no Rio. A vítima reconheceu nesta quinta-feira o verdadeiro ladrão, que também confessou sua participação no assalto, mas a Delegacia Especial de Atendimento ao Turista (Deat) ainda não tinha enviado até o início da tarde de hoje o relatório que narra o reconhecimento com o pedido de soltura do inocente, de acordo com a defesa. Enquanto isso, a família de Prw, como é conhecido entre os amigos, sofre com a espera na porta da cadeia de Benfica.

Também na quinta-feira, a defesa entrou com um pedido de revogação da prisão no Tribunal de Justiça do Rio (TJRJ), onde foram anexados vídeos, imagens do assalto e fotos comparando o verdadeiro criminoso com Prw, como o preso injustamente é conhecido pelos amigos. A advogada Mitisi Rocha Fidélis, uma das defensoras de Antonio Carlos, esperou um promotor do Ministério Público do Rio (MPRJ) apreciar a solicitação.

No fim da tarde, o promotor de Justiça junto à 11ª Vara Criminal da Capital remeteu ao juízo o requerimento de revogação da prisão de Antonio Carlos. A família o aguarda na porta do presídio.

Família e defesa fizeram investigação no lugar da polícia

Na manhã desta quinta-feira, a delegada Valéria Aragão, titular da Deat, entrou em contato com a vítima para que ela fizesse o reconhecimento do homem que poderia ser o verdadeiro assaltante com quem Prw foi confundido, segundo o irmão de Antonio. A iniciativa teve como base uma solicitação da advogada Mitisi Rocha Fidélis, que esteve na sede da especializada com provas que a defesa, família e amigos levantaram por conta própria.

A cônsul se prontificou a ir até a cadeia com os policiais e ver o detento, que foi apontado como o verdadeiro autor e ainda confessou a participação no assalto. "Ela (a vítima) se retratou e inclusive o homem apontado como o assaltante confessou a participação", disse a advogada.

A investigação, que deveria ter sido feita pela polícia, descobriu o nome do homem apontado como o verdadeiro ladrão e, inclusive, que ele tinha sido preso pouco mais de 20 dias após o roubo à cônsul da Venezuela. Um vídeo que circula nas redes sociais mostraria ele sendo detido pela polícia no Centro do Rio.

Procurada na tarde de quinta-feira, a Polícia Civil ainda não se pronunciou sobre o reconhecimento do verdadeiro ladrão e nem sobre o pedido de soltura. A reportagem também entrou em contato com a delegada Valéria Aragão, que disse apenas que a investigação está em andamento e sob sigilo. Desde terça-feira, O DIA questiona as circunstâncias que levaram a especializada a pedir a prisão de Antonio Carlos, mas não obteve respostas.

O Ministério Público foi procurado ainda na manhã de quinta-feira para falar sobre o porquê do promotor seguir com a denúncia contra Antonio Carlos, mas ainda não se posicionou. O DIA questionou quando o pedido de soltura da defesa será apreciado e o órgão informou que ele ainda não foi apreciado pela promotoria na 11ª Vara Criminal.

O caso, publicado primeiramente pelo DIA, teve início na sexta-feira, quando Prw foi surpreendido pelos policiais quando mexia em seu carro na porta de casa, na Glória, antes de começar mais um dia de trabalho. Inicialmente, ele foi informado que era uma investigação sobre postagens no Facebook, mas só na delegacia ficou sabendo que havia um mandado de prisão contra ele por roubo. A vítima, que teria feito o reconhecimento por fotos de Prw na rede social, o reconheceu depois pessoalmente.

Sua prisão temporária foi autorizada em 19 de junho, pouco mais de 10 dias após o crime, mas Antonio Carlos nunca soube da decisão, ficando ciente somente quando foi levado para a Deat no dia 13. Três dias depois, a Justiça aceitou a denúncia do MP. O primeiro preso, que antes dizia não conhecer Prw, mudou a versão e falou que ele era o seu comparsa, segundo a família.

Na denúncia, é relatado que Antonio Carlos foi reconhecido pela vítima e "pelas fotos e filmagens dos fatos e do percurso até o local do delito". O documento também diz que os presos "não apresentam residência nem trabalho fixo", o que a família de Prw nega, já que ele é casado e mora na Glória.

A cônsul-geral adjunta da Venezuela no Rio foi assaltada na entrada do prédio do consulado de seu país, na Avenida Presidente Vargas. Na ocasião, ela foi abordada por três criminosos na entrada do elevador. Ela teve 4.900 mil euros que havia acabado de sacar em um banco, equivalente a mais de R$ 20 mil.

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