Oito metros de grade, em trechos diferentes, foram furtados na área verde com animais e plantas no meio do centro urbano, em frente à Central -   Estefan Radovicz / Agência O Dia
Oito metros de grade, em trechos diferentes, foram furtados na área verde com animais e plantas no meio do centro urbano, em frente à Central Estefan Radovicz / Agência O Dia
Por GUSTAVO RIBEIRO

RIO - Guardião da História do Rio e do Brasil e um dos espaços livres mais tradicionais da cidade, o Campo de Santana, no Centro, tem sinais de abandono. Oito metros da grade que cerca os jardins foram furtados em três pontos diferentes há quase dois meses e continuam sem reposição. E o poder público, pela Fundação Parques e Jardins, só registrou a ocorrência 11 dias após o crime na 4ª DP (Praça da República), o que segundo a Polícia Civil, dificulta a investigação.

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De acordo com o delegado Reginaldo Guilherme da Silva, da 4ª DP, o furto ocorreu no dia 7 de julho e a ocorrência só foi registrada no dia 18. "A perícia ficou prejudicada", afirmou. Cariocas que transitam ou desfrutaram momentos de lazer no parque, que conta com rica diversidade de espécies de fauna e flora, lamentam o descaso com o patrimônio. Segundo eles, animais também estão sendo furtados. "Há uns quatro meses, eu seguia para o ponto de ônibus de noite, passou um bicho por dentro da grade e me assustei. Depois veio um homem correndo e disse que estava roubando pato", contou um visitante que não quis se identificar.

"Meu pai me levava aos 8 anos, toda segunda-feira, para eu ver os pavões, as cutias e os peixinhos barrigudos no lago. Infelizmente, meus netos não terão esse momento", lamentou Sara Helena Aldo. A poda precária das árvores ainda prejudica a iluminação no entorno, que abriga pontos de ônibus e do VLT Carioca.

Construído no século XIX, entre 1873 a 1880, o Campo de Santana é uma área verde de 15 hectares próximo à Central do Brasil. O local testemunhou momentos históricos como a Proclamação da República e o comício do presidente João Goulart, na Central do Brasil, em 1964. Foi tombado pelo Instituto Estadual do Patrimônio Cultural em 1968.

A PM informou que o 5º BPM faz patrulhamento na região e não houve flagrante de furtos de grades. A corporação ressaltou que a segurança no parque cabe à Guarda Municipal, que, por sua vez, disse que realiza rondas com patrulhamento de bicicletas no Campo, e também não flagrou furto. A Fundação Parques e Jardins informou que o reparo das grades está sendo providenciado, em cotação de preços, e desconhece furto de animais. O órgão não quis se pronunciar sobre a demora no registro de ocorrência.

MONUMENTOS PREJUDICADOS

Sete furtos a monumentos do Rio foram registrados pela Secretaria Municipal de Conservação e Meio Ambiente de janeiro a julho. Os últimos casos foram na Avenida 13 de Maio, no Centro, com o furto parcial da face da Princesa Isabel em bronze, e na Quinta da Boa Vista, em maio, onde o busto de José Bonifácio foi integralmente furtado. Outros alvos, em abril, foram o hidrômetro do Chafariz do Monroe, na Praça Mahatma Gandhi, no Centro e a espada de bronze do Monumento João Caetano, na Praça Tiradentes. O hidrômetro do Chafariz Dança das Águas, na Cidade Nova, foi furtado em março. Já a mão da 'menina dos balões encantados', em Ipanema, e o Busto Raymundo Correa, em bronze, no Passeio (Centro), foram em janeiro. O prejuízo ainda é avaliado, pois necessita de previsão orçamentária extra para o restauro das peças.

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