Delegada Fernanda Fernanda da Deam Caxias  - Divulgação / Polícia Civil
Delegada Fernanda Fernanda da Deam Caxias Divulgação / Polícia Civil
Por RAFAEL NASCIMENTO

Rio - A Operação Haziel, deflagrada pela Polícia Civil nesta quinta-feira, mostrou que quem deveria proteger e cuidar das crianças é suspeito de cometer pedofilia. Nesta tarde, policial civil de uma delegacia da Baixada Fluminense se entregou na Cidade da Polícia, na Zona Norte do Rio, após saber que era um dos alvos da ação.

Nesta manhã, os policiais civis da Delegacia da Mulher (Deam) de Duque de Caxias cumpriram 29 mandados de busca e apreensão. Dentre esses mandados, dois eram contra agentes da Polícia Militar e da própria Polícia Civil. Até agora, 11 pessoas foram presas e dezenas de computadores e celulares foram apreendidos.

O agente da Polícia Civil, que mora em uma comunidade de Duque de Caxias, chegou à Cidade da Polícia, nesta tarde, no próprio carro, com os seus computadores e seus celulares. "Por ele morar em uma área de risco não conseguimos achar seu endereço. Após saber que ele estava sendo procurado, ele se entregou. Vamos analisar seus dispositivos eletrônicos apreendidos para saber será preso em flagrante", disse a delegada Fernanda Fernandes, titular da Deam de Caxias.

Mais cedo, um outro agente público, desta ver um PM reformado, identificado como José Carlos Nascimento, foi preso em flagrante após exames feitos pelos agentes em seu computador. Segundo a polícia, ele baixava constantemente vídeos de pedofilia. "Esse é um crime repugnante. Nós encontramos vários, arquivos e vídeos em que menores são vítimas de estupros", contou Fernandes.

Durante a ação desta quinta-feira, a Polícia Civil descobriu que um único usuário tinha 150 mil arquivos baixados com conteúdo pornográfico em seu computador. Foram usados recursos de informática para rastrear a navegação desses suspeitos. “Combater esse tipo de crime é muito difícil. Principalmente com relação à rede internacional de pedofilia. O pedófilo que participa da rede internacional se utiliza de meios para esconder esse tipo de comércio clandestino. No entanto, nós conseguimos rastrear. Essa é uma rede que os usuários se comunicam entre si e utilizam, muitas das vezes, da 'deep web' — que é uma rede oculta de internet, uma rede de difícil rastreamento. E eles trocam essas informações e arquivos por essa rede, que é muito lucrativa", disse Fernanda.

De acordo com a Polícia Civil, a "Deep web" é a parte não indexada da internet. Os sites não são detectados e registrados pelas grandes ferramentas de busca. O acesso a esse ambiente acontece através de navegadores específicos. "A pessoa acha que pelo anonimato não será descoberta. Todas as pessoas que baixam isso tem uma forte tendência de serem um pedófilo em potencial. Então, essas pessoas deveriam ser afastadas dos convívios das crianças", completou a titular da DEAM de Caxias.

A delegada afirmou que esse grupo fez dezenas de vítimas nos últimos anos. "Temos um criminoso, que foi preso hoje, que possui mais de 150 mil arquivos baixados. Não temos como dizer, num primeiro momento, o número de vítimas. Nem se elas são conhecidas. Mas essas crianças e esses adolescentes já foram vitimadas pelo ato sexual. Quando esse criminoso armazena, vende e comercializa, ele pratica um novo crime", completou.

Nos primeiros sete meses deste ano, em Seropédica o número de estupro cresceu 56% em relação ao ano passado. Ao todo, até agora já foram registrados 28 casos. Já em Duque de Caxias, em 2018 foram registrado 109 estupros contra crianças e adolescentes. Isso é 47% maior que no mesmo período de 2017. Em São João de Meriti, onde a Polícia Civil esteve para prender suspeitos de pedofilia, cresceu em 17% o número de casos de abusos. Neste ano, a 64º DP registrou 81 ocorrências. Segundo a Polícia Civil, entre os presos há pais, tios e primos que supostamente abusaram das crianças. 

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