Rio - No local do incêndio, muitos estudiosos choram e lamentam ao ver o cenário da destruição do Museu Nacional. A pesquisadora e professora de História Regina Dantas é uma delas, que trabalha como historiadora desde 1994. Ela se emocionou e mal conseguia falar sobre a tragédia.
"Nós vamos recuperar esse palácio, mas o acervo que estava aqui dentro é irrecuperável. Vocês veem lá em cima as deusas, representando o espaço das musas, que é o museu, elas estão intactas. Para dar força para a nossa população tão sofrida com a história, com as ciências, nesse momento...vocês desculpem, mas não sei o que dizer, parece um pesadelo. Eu dormi, pensando que era um pesadelo, que eu ia acordar", disse aos prantos, tentando enumerar as perdas.
Formado em biologia pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), Caio Dias Correia, de 28 anos, fazia mestrado em Zoologia e suas pesquisas eram realizadas no Museu Nacional. Ele destacou a precariedade com que o acervo e a estrutura estavam. "Trabalhamos com muito material emprestado de outras instituições, como mosquitos, animais para estudo, perdemos tudo, não temos como recuperar nada. A perda é imensurável", falou.
Denúncias arquivadas
O diretor do Museu da Humanidade, Cláudio Prado de Melo, também falou da perda do acervo do Museu Nacional e ressaltou que diversas denúncias sobre a precariedade do local e a falta de verbas foram feitas, mas nenhuma seguia adiante.
"É uma tragédia, trata-se de um prédio fabuloso e o primeiro museu da América Latina. Aqui perdemos coleções que jamais vão se reunir. É uma perda irreparável para a humanidade. Denunciamos várias vezes o abandono desse museu, fizemos diversos protocolos, todos foram arquivados pelo Ministério Público Federal. Aqui nós queríamos que palácio fosse restaurado, agora perdemos a sala do imperador, a sala do trono, e isso não temos como restaurar mais", falou.