Rio - O adolescente de 16 anos que tentou atirar na cabeça de uma colega dentro de uma sala de aula na Escola Municipal Mário Cláudio, no Rio Comprido, na Zona Norte, cometeu o crime após ficar "irritado" por ter sido delatado pela estudante.
Segundo a delegada Natacha Oliveira, da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA), ela espalhou que o menor estava com uma arma na mochila. Ao saber que tinha sido "dedurado", tentou atirar na jovem, mas a pistola falhou. Foi então que ele deu duas coronhadas na vítima.
Ainda de acordo com a delegada, o adolescente disse que a menina "espalhou para todo mundo (que ele estava armado) e que ele poderia ser penalizado por isso"."Irritado com a garota ele praticou o crime. A vítima argumenta que o jovem apontou a arma em sua direção, apertou o gatilho, mas não disparou. Após isso, ele teria dado duas coronhadas", conta a a titular da DCAV.
Segundo Natasha, ele pegou a pistola no Morro da Coroa, onde mora, e entregaria na Vila Vintém, em Realengo. O jovem já tem três passagens pela polícia por tráfico e associação ao tráfico, e chegou a ficar apreendido no Degase.
"Ontem, ele foi para uma audiência de custódia no Núcleo de Audiência de Apresentação (Naap), no Tribunal de Justiça. No entanto, o caso ficará a cargo da Vara da Infância e da Juventude para uma medida socioeducativa", diz Natacha.
A delegada criticou a postura das escolas de não monitorarem os alunos dentro das unidades de ensino. "Essa é uma situação delicada que poderia ter exposto outros colegas e funcionários da unidade a grave risco. Ao meu ver, julgo necessário que tenha maior fiscalização no ingresso desses jovens nas escolas", finaliza.
Falta de controle no acesso à escola
Moradores e pais de alunos da Escola Municipal Mário Cláudio dizem que falta controle de acesso na unidade e "entra quem quer", pois o local não tem uma pessoa específica para tomar conta da portaria. Na manhã desta quarta-feira, a direção da unidade deslocou um funcionário para a função.
A escola fica próxima da principal entrada do Morro do São Carlos. Moradores da região ficaram perplexos com o fato. "É triste ver que a violência chegou até no local que se ensina combater a violência. Infelizmente, perdeu-se o respeito”, disse a empregada doméstica Beth Silva Ferreira.
A Escola Mário Cláudio apresenta sinais de abandono, com fiações expostas e há alguns meses parte da marquise caiu, mas o reparo ainda não foi feito. O DIA tenta contato desde cedo com a Secretaria Municipal de Educação, com a 1ª Coordenadoria Regional de Educação (responsável pela unidade escolar) e com a própria direção da escola. No entanto, ninguém se pronunciou ainda.