Leo Dias retorna ao trabalho após uma semana internado em uma clínica de reabilitação - Daniel Castelo Branco
Leo Dias retorna ao trabalho após uma semana internado em uma clínica de reabilitaçãoDaniel Castelo Branco
Por O Dia

Rio - Depois de passar cinco dias em uma clínica de reabilitação alternativa, no interior de São Paulo, para tratar do vício em cocaína, o colunista do DIA Leo Dias se diz, agora, renovado após o tratamento a base da substância ibogaína. Focado na sua saúde, o jornalista fala que seu corpo foi 'resetado' e reflete que vai viver um dia após o outro, confiante na sua recuperação. Sem arrependimentos de ter divulgado sua luta contra a droga, Leo também acredita ter sensibilizado o público com sua história e fala até em missão divina.

O DIA: Como foram esses cinco dias na clínica?

Leo: Estava cansado, então dormi muito. É importante ressaltar que a ibogaína é a droga mais forte do mundo, e eu era medicado todos os dias. Uma dose mais alta foi dada na terça-feira e depois foi diminuindo. Eu dormi dois dias direto, só acordei pra comer.

Você teve algum tipo de restrição nesse tempo?

Eu saía para almoçar todos os dias porque na clínica não tem restaurante. A porta ficava aberta o tempo todo, tinha Wi-Fi. Essa experiência só me fez ter certeza que as clínicas tradicionais são apenas caça-níqueis. Me lembro bem da vez que me internei no Rio e tive que ficar nu e de cócoras, foi humilhante.

A ibogaína, como você contou antes da internação, pode trazer efeitos psicoativos. Você sentiu algo?

Eu não tive nenhum tipo de alucinação, mas tive 12 horas de tremedeira. A droga foi tão forte que eu não consegui andar durante esse tempo, tive que me apoiar. Teve um paciente lá que viu a Virgem Maria, por exemplo. Não acredito muito em terapia convencional, acredito em química. Passei a confiar nisso, combater química com mais química. O efeito da ibogaína é 'resetar' o corpo, como se nunca tivesse tido contato com nenhum tipo de droga. Se não tive contato, não posso sentir falta do que eu nunca tive.

E quando você percebeu essa mudança no corpo?

Primeiramente quando fui me masturbar. E depois quando tomei um comprimido de Rivotril em uma noite e acordei só 15h. Antes, eu tomava quatro comprimidos. Eu mesmo me testei, meu corpo está zerado.

E a vontade da cocaína?

Tive a noção do efeito na droga quando voltei pra minha casa. Sempre usei lá, e cheguei sem vontade. Mas tenho a consciência clara de que agora é um dia após o outro. Essa é só a primeira fase do tratamento, quando eu sentir necessidade eu volto pra clínica e fico mais um tempo. Eles me deixaram muito livres em relação a isso.

A clínica fez alguma recomendação?

Eles têm várias regras: não pode comer chocolate, algumas comidas ácidas, e não tomar refrigerante por dois meses. Energético de jeito nenhum. E da próxima vez, eles aconselham não divulgar minha ida, para evitar pressão.

Você se arrepende de ter tornado público o tratamento?

Não, eu acho que a melhor coisa que fiz foi ter falado. A força que as pessoas mandaram me impactou muito. Eu acho que toquei as pessoas e mudei minha imagem. Eu sempre questionei Deus, o porquê desse vício, porquê comigo. E meu ex-namorado me falou que talvez fosse por precisar expôr esse assunto, que é tabu. Talvez essa tenha sido minha missão.

E como foi a reação das pessoas sobre a sua volta?

Falam que eu estou mais sereno. A Anitta, quando ouviu minha voz disse "Leo é você? Que voz é essa? Voz serena, tranquila, que benção". Eu não sabia que estava tão agitado. E o carinho das pessoas é enorme. No aeroporto, duas moças de uma loja gritaram 'Força, Leo Dias'.

E o futuro?

Agora eu quero terminar o livro sobre a Anitta, falta pouco, e está incrível. Também vou voltar a malhar, e ter uma rotina alimentar.

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