Nove facas, uma régua e barras de ferro foram apreendidas após o motim em Bangu 4, que fica no Complexo de Gericinó - Rodrigo Menezes/Parceiro/Agência O Dia
Nove facas, uma régua e barras de ferro foram apreendidas após o motim em Bangu 4, que fica no Complexo de GericinóRodrigo Menezes/Parceiro/Agência O Dia
Por Adriana Cruz e Rafael Nascimento

Rio - A Secretaria de Administração Penitenciária (Seap) informou que, após 3h30, a rebelião no Presídio Jonas Lopes de Carvalho, conhecido como Bangu 4, terminou. Nesse período, três pessoas foram mantidas reféns — um inspetor, uma enfermeira e um preso. Quinze internos, dos quais cinco de São Paulo alinhados ao Primeiro Comando da Capital (PCC), alegaram que morreriam se continuassem no presídio e negociaram com a Seap a transferência para outra unidade. Entre os reféns, ninguém ficou ferido. Foram apreendidos nove facas, uma régua e três canos.

Dos 2.900 detentos de Bangu 4, 70 estavam em área de seguro. A rebelião foi iniciada por integrantes do PCC por volta das 13h. Os detentos exigiram a presença da Defensoria Pública do Estado para que fossem retirados do presídio. Uma defensora foi ao local e mediou a negociação. Segundo os negociadores, os presos amotinados estavam com medo de serem mortos por integrantes da facção carioca Terceiro Comando Puro (TCP).

Por volta das 18h25, todos os 70 presos da facção paulista foram transferidos para dois presídios de São Gonçalo, na Região Metropolitana — 35 em cada unidade.

O DIA teve acesso a conversas de mulheres de presos de Bangu 4 com seus respectivos maridos que usam telefone dentro da cadeia. Segundo esses presos, há meses os criminosos do PCC — que estão em um espaço de isolamento — pedem que sejam retirados de lá e a Seap não tem cedido aos pedidos.

“O problema é com os caras do isolamento que querem transferência e eles não transferem. Mas com a gente aqui, povão da cadeia, tá tudo de boa”, disse um homem para a sua esposa. “Se puder tranquilizar as famílias eu agradeço”, completou o detento por mensagem de celular.

De acordo com inspetores, uma confusão começou, por volta das 13h, quando um preso agrediu um agente penitenciário. Outros detentos deram início ao tumulto, rendendo os reféns. O Grupo de Intervenção Tática (GIT), da Secretaria de Administração Penitenciária (Seap), foi chamado ao local para tentar controlar o motim. Ainda não há informações sobre pessoas feridas.

Em nota, a Seap informou que o motim aconteceu em uma área técnica. O secretário de Estado de Administração Penitenciária, David Anthony, acompanhou a situação no local. Ainda segundo a Seap, foi solicitado apoio da Polícia Militar para a segurança externa do Complexo Penitenciário de Gericinó. Já a Defesa Civil foi acionada por medida preventiva. O espaço aéreo chegou a ser bloqueado. 

Três rebeliões em dez meses

Em dez meses essa é a terceira rebelião que acontece no presídio Jonas Lopes, em Bangu. Em agosto um agente penitenciário ficou refém por 25 minutos. Naquela ocasião, três detentos pegaram o inspetor que fazia uma vistoria nas galerias.

Já em fevereiro, um motim começou quando um preso agrediu um agente penitenciário quando era levado para o isolamento. Outros detentos deram início ao tumulto, o que levou os agentes de plantão a acionarem o alarme. O GIT foi acionado e o incidente foi contido. À época um preso ficou ferido.

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