Rio - A operação deflagrada pela Polícia Civil e o Exército, na manhã desta quinta-feira, terminou com 31 presos em São Gonçalo, na Região Metropolitana. A ação tinha como objetivo cumprir 71 mandados de prisão de suspeitos de envolvimento com o tráfico de drogas no Complexo do Salgueiro. O Comando Conjunto da Intervenção Federal e o Ministério Público do Estado (MP-RJ) integraram a operação. Um suspeito foi baleado em confronto com militares do Exército.
Entre os presos estão Sandro de Sá Rocha, mais conhecido como Pombo Careca, apontado como o responsável pela contabilidade do tráfico de drogas na região. Também foi preso em flagrante por crime de receptação um homem identificado como Flávio Gomes, que é pai do traficante Thomaz Jhayson Vieira, o 2N. Já Thomaz, um dos principais alvos da ação, não foi localizado. No Salgueiro, a polícia apreendeu drogas, motos roubadas e réplicas de armas.
A ação é resultado de uma investigação que durou 1 ano e três meses e que identificou grande parte do núcleo da organização criminosa do Salgueiro. De lá, drogas e armas eram repassadas para outras comunidades de Niterói, Itaboraí, Magé, Cachoeiras de Macacu e de cidades da Região dos Lagos.
Segundo o delegado Augusto Motta, da Subsecretaria de Inteligência, a Polícia Civil vai continuar investigando e buscando realizar a prisão dos suspeitos que ainda não foram presos ou identificados.
"Nós apuramos quem são os fornecedores de armas e drogas para essa organização criminosa. Entre eles está o Marcelo Piloto (Marcelo Pinheiro Veiga, preso no Paraguai), que ficou evidente que era o principal fornecedor de armas para esse facção criminosa. Nós não conseguimos fazer um link direto do Marcelo Piloto com o núcleo de São Gonçalo, mas ficou evidente que ele se comunicava com outras lideranças da facção e que tinha papel primordial no abastecimento de armas. E a prisão do 2N é questão de tempo", disse.
De acordo com Renata Bressan, promotora da 2ª Central de Inquéritos de São Gonçalo, a operação ainda está em andamento, mas teve resultados bastantes expressivos.
"Hoje nós fizemos a prisão de 31 pessoas num universo de 71, então isso é um número bastante significativo, especialmente porque não estamos falando de uma área de fácil operação, e sim de uma região de difícil incursão para a polícia e Exército. É um local de muitas casas empilhadas, ruelas, uma população grande, então a dificuldade para se operar ali é muito grande, porque os traficantes escolheram ali devido a presença de mata, morros, mangue e, ao final, a Baía de Guanabara. O que torna, portanto, a penetração no ambiente e a estabilização para que as forças policiais operem em segurança, minimizando ao máximo os efeitos colaterais, seja muito grande", declarou.
O coronel Cinelli, porta-voz do Comando Conjunto da Intervenção Federal, falou que o principal objetivo da ação era assegurar a estabilidade da área, permitindo que os policiais pudessem cumprir os mandados em segurança.
"É importante caracterizar que nem a inteligência bem executada e aplicada é suficiente para prevenir eventuais confrontos. Embora nós tenhamos levantado todos os dados para estabilizar a área, hoje pela manhã houve uma pequena confrontação com dois criminosos armados com fuzil. Eles estavam dentro de um veículo, furaram o bloqueio e atiraram em direção à tropa. Os militares, cumprindo regras de engajamento, respondeu essa injusta agressão e um criminoso foi ferido, socorrido e levado para o hospital. Então, inteligencia eficaz não pressupõe ausência de confronto. Nós queremos que o confronto não exista, mas, eventualmente, aqueles que detêm a informação se negam a fornecer", afirmou.
Segundo o Comando Conjunto, foram realizados cercos na região, estabilização dinâmica das áreas e a remoção de barricadas. Também foram realizadas revistas de pessoas e de veículos, além da checagem de antecedentes criminais. Participaram da ação 1.165 militares das Forças Armadas e 415 policiais civis, com apoio de blindados e aeronaves.
*(Estagiário sob supervisão da jornalista Maria Inez Magalhães)