Familiares e amigos de vítimas de chacina no IML de Tribobó, em São Gonçalo - Luciano Belford/Agência O Dia
Familiares e amigos de vítimas de chacina no IML de Tribobó, em São GonçaloLuciano Belford/Agência O Dia
Por Adriano Araujo e Rafael Nascimento

Rio - Subiu para 10 o número de vítimas na chacina ocorrida em São Gonçalo e Itaboraí, na Região Metropolitana do Rio, entre a noite de domingo e madrugada desta segunda-feira. Em nota, além das vítimas em Marambaia e na localidade BNH, a Polícia Civil incluiu outras três: em Granja Cabuçu, Vanderson dos Santos Silva, de 18 anos; e no bairro Ampliação Pablo Damasceno dos Esteves, de 26 anos, e Luiz Rafael Ramos, que estava internado no Hospital Estadual Alberto Torres. A investigação preliminar aponta para os mesmos autores e motivação.

Além das mortes, ao menos outras três ficaram feridas e foram socorridas no Alberto Torres. Dois dos três feridos, Ana Paula Ferreira dos Santos e Jerônimo Marcelo Pinheiro Amorim, receberam alta da unidade de saúde. A Delegacia de Homicídios de Niterói e São Gonçalo (DHNSG) disse que apenas Michael Douglas da Silva Machado, de 25 anos, possuía anotações criminais por tráfico de drogas e roubo. A especializada não divulgou a motivação investigada. Entretanto, testemunhas contam que desde a morte de um PM na semana passada, na mesma região, foram ouvidos boatos de que haveria vingança. 

De acordo com o delegado Gabriel Poiava, da DHNSGI, que apura a chacina, é prematuro dizer qual é a linha de apuração. Poiava afirmou que todas as hipóteses não estão descartadas. "As investigações estão em andamento. Já ouvimos familiares das vítimas e durante toda esta segunda-feira vamos continuar conversando com os familiares. Já estamos indo nos endereços atrás de câmeras de segurança para identificarmos os autores", disse o policial.

No entanto, duas linhas de investigação ganharam força nas últimas horas. Uma seria a retaliação por causa da morte do cabo Rodrigo Marques Paiva, 35, que aconteceu no último dia 17 perto de um trailer no bairro de Marambaia, em Itaboraí. A outra hipótese seria uma disputa por conta dos pontos de tráfico de drogas na região. Há algum tempo, facções rivais estariam brigando por conta das bocas de fumo.

Familiares de algumas das vítimas da chacina ocorrida nos municípios de São Gonçalo e Itaboraí, entre a noite de domingo e madrugada desta segunda-feira, dizem que eles eram trabalhadores e não tinham envolvimento com o crime na região. Três pessoas da mesma família foram mortas dentro de casa, uma delas dormindo. Parentes estiveram na manhã de hoje no Instituto Médico Legal (IML) de Tribobó, em São Gonçalo. Hoje, uma das vítimas internadas no Hospital Alberto Torres não resistiu, subindo para oito o número de mortos na chacina.

Débora era dona de um trailer no conjunto BNH e é uma das vítimas da chacina em Itaboraí - Reprodução Facebook

Uma perícia foi realizada no local e diligências estão sendo realizadas. As mortes aconteceram no conjunto BNH, no bairro Marambaia, que fica entre os dois municípios de São Gonçalo e Itaboraí. Testemunhas contam que desde a morte de um PM na semana passada, na mesma região, foram ouvidos boatos de que haveria retaliações.

Como foram os crimes

As primeiras vítimas teriam morrido em uma vila de casas na Rua da Igualdade, em São Gonçalo. Os homens, encapuzados, gritaram no portão e, quando Rodrigo Avelino Braga, de 38 anos, foi abrir, eles atiraram. Houve correria e tinham várias crianças e mulheres dentro do terreno. Renan Trigueiro de Almeida, 20 anos, tinha acabado de chegar do trabalho, na loja Amigão do Centro da cidade. Ele tentou fugir, mas caiu morto no quintal. Seu primo, Gabriel Trigueiro de Oliveira, 19 anos, morreu enquanto dormia no quarto. Gabriel tinha um filho de oito meses e planejava o aniversário de 1 ano da criança. Já Rodrigo deixa dois filhos, um deles de quatro meses.

Os quatro homens, que chegaram em um carro prata, seguiram pela Rua Isolina Porto Lopes, em Itaboraí, e mataram mais uma pessoa, identificada como Allan Patrick Pinto Vicente, 21. Em seguida atacaram pessoas que estavam em um trailer na Avenida Cabo José Rodrigues, também em Itaboraí. Entre os mortos estão a dona do trailer, Débora Rodrigues Baptista, 46 anos; Hércules de Souza Costa, de 21 anos; e Michael Douglas da Silva Machado, 25 anos. Testemunhas disseram que os homens armados avisaram que iriam matar todos que fossem ligados ao tráfico de drogas.

A mãe de Hércules disse que ele trabalhava em uma rede de fast food do Shopping São Gonçalo há pouco mais de um ano e que o jovem estava no trailer de Débora bebendo. Janaína Souza conta que o filho morava no terreno da ex-sogra no bairro BNH, a pouco metros de sua casa, há três anos, e sempre ouviu dizer que o local era perigoso, mas nunca houve nada com o filh

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