Rio - Foi à base de muita emoção que a estudante Milena Santos, de 14 anos, relembrou o trágico atropelamento da mãe e da avó, que aconteceu no último fim de semana. "Só vi minha avó voando", resume estudante, sobre o momento que presenciou, em um bar de Irajá, na Zona Norte do Rio. O relato foi dado na porta do Hospital Estadual Getúlio Vargas, na Penha, para onde as vítimas foram levadas e permanecem em estado grave, na segunda visita da família aos parentes internados.
Milena estava chegando de uma festa com amigos, por volta das 2h de domingo, quando viu um carro em alta velocidade e desgovernado atingindo em cheio a avó, a técnica em Enfermagem Carmem Lúcia Oliveira, de 55 anos, e a mãe, a atendente de pensão Luziet Oliveira, de 35.
"Minha avó estava em pé fumando e minha mãe sentada. Atravessei a rua e vi que era a minha avó. Entrei em desespero e comecei a chorar e a gritar 'minha avó, é minha avó..'. Não tinha visto minha mãe ainda", relembra.
A cena trágica foi registrada por uma câmera de segurança da região, que flagrou o momento em que o Caoa Chery vermelho sai da Avenida Monsenhor Félix e atinge os clientes do Boteco da Maria; assista!
O motorista, Hugo de Sena Barbosa, de 20 anos, tentou fugir do local, mas foi pego pelos frequentadores do estabelecimento. "Ele saiu pela janela do carro e foi correndo", Milena afirma.
De acordo com a Polícia Civil, Hugo pegou o carro da mãe sem que ela soubesse, não tinha carteira de habilitação e teve álcool detectado no sangue após exame de alcoolemia. Preso, ele foi levado à 27ª DP (Vicente de Carvalho), mas pagou fiança de R$ 900 e foi liberado.
"Novecentos reais não vão pagar o que minha avó e minha mãe estão passando no hospital, não vai pagar nada. Só queremos justiça. Queremos ele dentro da cadeia porque o que ele fez é totalmente errado", a estudante pede.
Hugo vai responder pelo crime de lesão culposa (quando não há a intenção de provocar o crime). "(Ele) foi encaminhado ao Poder Judiciário e em seguida posto em liberdade após audiência de custódia, pagamento de fiança e imposição e medidas cautelares", a Polícia Civil informou, em nota.
Milena conta que ela os demais familiares só "choram" por causa do trágico acidente envolvendo mãe e filha. "Está todo mundo em oração. Todo mundo pedindo a Deus, todo mundo nervoso, preocupado, porque foi uma coisa que ninguém esperava", finaliza, segurando o choro.
O bar em que as duas vítimas estavam se manifestou nas redes sociais prestando "total solidariedade" às clientes.
"Os prejuízos financeiros causados ao nosso bar são o que menos importa-nos neste momento de dor, pois são recuperáveis. Pedimos em preces a Deus forças aos seus amigos e familiares, na expectativa de que, brevemente, ambas estejam retomando suas vidas normais".