Dinalva Oliveira, mãe de Pedro Gonzaga, morto por segurança de supermercado - Reprodução TV Globo
Dinalva Oliveira, mãe de Pedro Gonzaga, morto por segurança de supermercadoReprodução TV Globo
Por O Dia

Rio - Dinalva Oliveira, mãe do jovem Pedro Henrique Oliveira Gonzaga, de 19 anos, morto por um segurança do hipermercado Extra da Barra da Tijuca no último dia 14, falou de sua impotência e desespero ao ver o filho perder a vida na sua frente. Em entrevista ao "Fantástico", a esteticista, de 35 anos, fez um relato dramático. O caso causou revolta e está sendo investigado pela Delegacia de Homicídios (DH). 

"Entramos no supermercado para comprar um micro-ondas. Já estávamos com a nota fiscal quando ele correu em direção ao segurança", lembra. Dinalva diz que Pedro estava com uma "ansiedade fora do normal, falando freneticamente", e que ficou trêmulo, com os "lábios brancos", antes de ser imobilizado pelo segurança Davi Ricardo Moreira Amâncio. "Quando o segurança o jogou no chão eu tentei tirar, mas ele me deu um solavanco e eu rolei no chão. Quando voltei, meu filho já estava totalmente contido, as mãos sem movimento. Mesmo assim, ele pegou o braço e apertou contra o pescoço do meu filho. E me mandava calar a boca."

Dinalva disse que havia pedido aos seguranças que chamassem uma ambulância, e não esperava o desfecho trágico. "O outro segurança parecia que fazia proteção para ele, não para o meu filho. Eu e todos ali nos sentimos intimidados", disse.

Quando o segurança soltou Pedro, Dinalva tentou sentir seus batimentos cardíacos. "Ele perdeu o olhar naquele momento. Ele perdeu a vida", contou, chorando.

O segurança Davi Amâncio já tem uma condenação por agressão - Luciano Belford / Agência O Dia
INTENÇÃO DE MATAR

O segurança Davi Ricardo Moreira Amâncio, 32 anos, será indiciado por homicídio doloso — quando há intenção de matar. Além dele, todos os outros vigilantes — ao menos três que estavam no local — também responderão por omissão de socorro. A decisão é da Delegacia de Homicídios (DH) da Capital. 

Para os investigadores da DH, Amâncio teria assumido o risco de matar quando imobilizou Pedro com um 'mata-leão'. Ao menos cinco câmeras de segurança estão sendo analisadas e poderão comprovar que o rapaz não teria tentado retirar a arma do segurança. Os outros vigilantes poderão responder por terem se omitido e deixado Amâncio usar força excessiva contra a vítima. Caso a especializada chegue a essa conclusão, eles poderão responder até por homicídio doloso.

O advogado Marcelo Ramalho, do escritório Bergher e Mattos, que defende a família de Pedro Henrique, disse que está tomando conhecimento do inquérito para auxiliar a Polícia Civil para que haja a mudança na tipificação do caso. "Entendemos que ele teve a intenção de matar, pois assumiu o risco", disse Ramalho. "Ele não podia ter utilizado aquela técnica de imobilização para ceifar a vida de um inocente. O que ele fez foi uma barbárie", completou. 

Davi não poderia atuar como segurança, porque já tem uma condenação transitada em julgado por agressão. Após o episódio, o Extra cancelou contrato com a empresa da qual ele é funcionário.

 

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