Câmara de Vereadores tem ato para Marielle  - Estefan Radovicz / Agencia O Dia
Câmara de Vereadores tem ato para Marielle Estefan Radovicz / Agencia O Dia
Por *Rachel Siston

Rio - Durante a missa pela memória da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, na Igreja da Candelária, no Centro do Rio, o vigário episcopal Monsenhor Manangão, que celebrou o ato, pediu para que as pessoas fossem mais "humanas".

"Deus recompense o bem que eles (Marielle e Anderson) fizeram e nos dê a capacidade de sermos geradores de vida, mais justos, mais fraternos, mais humanos".

Ele também relembrou uma mensagem do Papa Francisco sobre humanidade.

Na foto, pai e mãe de Marielle na missa de um ano de sua morte celebrada na Igreja da Candelária - Estefan Radovicz / Agência O Dia

"Essas situações como a de Marielle e Anderson, como os jovens de Suzano, como as tragédias de Brumadinho e companhia, me lembram a fala do Papa Francisco, em uma mensagem bastante recente, em que ele dizia que "quando o ser humano se deixa tragar pelas atitudes de violência é porque ele já perdeu a sua humanidade", e nós estamos vivendo no nosso mundo uma perda da humanidade", e completou afirmando que "se hoje estamos aqui reunidos para lembrar a morte de Marielle e Anderson, ainda não demos o passo mais importante, que é sermos longe desse mundo muito louco no qual a gente está vivendo."

Missa em memória de Marielle Franco e Anderson Gomes, na Candelária - Estefan Radovicz / Agência O Dia

No fim da celebração, familiares, amigos, fiéis, políticos e admiradores de Marielle gritaram "Marielle presente" e "Anderson presente". Na entrada da igreja, diversos grupos de religiões de matriz africana fizeram uma apresentação em homenagens à vítimas da violência, do rompimento da barragem em Brumadinho e das chuvas que causou mortes no Rio e em São Paulo.

"Marielle era católica, mas também era filha de Iansã, e o que fizemos hoje, com a missa e o ato da religião de matriz africana, é estar levando o legado de Marielle. A junção das religiões está dizendo que somos todos contra o racismo, que a população negra quer viver.", afirmou Mônica Cunha, coordenadora da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj).

Missa pela memória de Marielle e Anderson é marcada por apelos pelo fim da violência - Estefan Radovicz / Agência O Dia

A coordenadora conta que conheceu a vereadora quando a mesma integrava a comissão e que a procurou para pedir ajuda para o filho de 15 anos, que havia cometido um crime. Para ela, fundadora do "Movimento Moleque" de mães negras que têm os filhos cumprindo medidas socioeducativas, é importante dar continuidade ao legado de Marielle.

Uma série de eventos programados para esta quinta-feira vão lembrar o primeiro ano da execução de Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes. Desde o início da manhã, simpatizantes da vereadora estão nas ruas em atos. Estefan Radovicz / Agência O Dia CIDADE,RIO,MARIELLE,ANIVERÁRIO,MORTE - Estefan Radovicz / Agencia O Dia

"Dar importância ao legado da Marielle é estar dizendo, todo dia, não ao racismo, porque foi isso que ela fez nos dez anos em que esteve dentro da Comissão Direitos Humanos e enquanto foi vereadora. Ela diz não ao racismo, porque a população negra, as mulheres negras não aceitam mais perder seus filhos, seus maridos, seus entes queridos ou serem assassinadas. Nós não aguentamos mais ver corpo negro no chão, isso tem que cessar. A família da Marielle está, a trancos e barrancos, aprendendo sobreviver depois dessa enorme perda. Eu tenho que levantar da minha cama todos os dias e apreender a sobreviver sem o meu filho, Rafael da Silva Cunha, que também foi assassinado por esse estado. Quando isso vai acabar? Quantos mais têm que morrer para essa guerra acabar?", questinou Mônica.

*Estagiária sob supervisão de Maria Inez Magalhães

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