Após atacar vítima, de 15 anos, em escola, adolescente, de 16 anos, prestou depoimento em delegacia - Renan Schuindt/Agência o dia
Após atacar vítima, de 15 anos, em escola, adolescente, de 16 anos, prestou depoimento em delegaciaRenan Schuindt/Agência o dia
Por *O DIA

Rio - Um dia depois do massacre protagonizado por dois atiradores na Escola Estadual Raul Brasil, em Suzano (SP), que deixou um rastro de dez mortes e comoveu o país, um outro ataque dentro de uma escola estadual na Zona Oeste do Rio acendeu o sinal de alerta para esse tipo de crime. Ontem à tarde, um adolescente esfaqueou outro no Ciep Brigadeiro Sérgio Carvalho, em Campo Grande. Apesar dos contornos menos trágicos, um detalhe preocupante conecta os dois casos: o autor da agressão no Rio frequenta o mesmo ambiente virtual onde os atiradores do interior de São Paulo buscaram 'dicas' para agir.

O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público de São Paulo vai apurar se uma organização criminosa está por trás do massacre de Suzano. Os promotores querem saber se os atiradores foram incentivados a cometer o crime por membros do Dogolachan, maior fórum de propagação de ódio na deep web. Wellington Menezes de Oliveira, que matou 12 crianças e feriu dez na escola Tasso da Silveira, em Realengo, em abril de 2011, também frequentava essa zona obscura da internet. O DIA abordou o tema na edição de ontem.

Encobertos pelo anonimato por causa do uso de um navegador que não deixa vestígios, milhares de internautas participam de fóruns que propagam ideias sobre a prática de crimes, como violação de direitos humanos, racismo, homofobia, ataques a mulheres e até homicídios.

É o mesmo ambiente virtual frequentado pelo adolescente de 16 anos, que atacou outro jovem de 15 no Ciep de Campo Grande. Ele foi apreendido por tentativa de homicídio. De acordo com a 35ª DP (Campo Grande), o agressor pretendia atacar uma vítima aleatória para depois cometer suicídio. O caso só não foi mais trágico porque o menor foi contido por professores. Com ferimento em um dos braços, a vítima foi levada para o Hospital Rocha Faria. E, em seguida, foi para a delegacia, onde prestou depoimento.

Até o secretário estadual de Educação, Pedro Fernandes, foi ao local para acompanhar o caso. Após o episódio, ele decidiu antecipar a instalação do Programa Estadual de Integração na Segurança (Proeis) nas escolas públicas, que leva PMs a esses locais. Hoje à tarde, a pasta deve se reunir com a Polícia Militar para antecipar o treinamento e a seleção dos agentes envolvidos no programa. "Também vamos trabalhar com a possibilidade de contratar porteiros terceirizados".

É o mesmo tipo de prática de criminosos que transitam nesses fóruns. Entretanto, a família diz que o adolescente tem distúrbios psicológicos. Para as autoridades, ambientes virtuais secretos, como a deep web, incentivam a impunidade. "O usuário navega sem deixar rastros. É difícil identificar as pessoas e a localização dos computadores", explica o delegado Pablo Sartori, titular da Delegacia de Repressão a Crimes de Informática (entrevista ao lado).

*Reportagem de Bernardo Costa, Gustavo Ribeiro, Lucas Cardoso e Renan Schuindt

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