Manifestação aconteceu na estação Mato Alto - Estefan Radovicz / Agência O Dia
Manifestação aconteceu na estação Mato AltoEstefan Radovicz / Agência O Dia
Por Antonio Puga

Rio - Diversos passageiros aproveitaram a confusão na estação Mato Alto do BRT Transoeste, na manhã desta segunda-feira, para dar calote no modal. O DIA flagrou pessoas entrando na estação pelas portas laterais, mesmo com a presença de policiais militares no local. Os PMs foram acionados para conter a manifestação.

O protesto aconteceu por melhorias nos articulados do corredor e interrompeu a circulação dos veículos na região até meados das 9h. Segurando cartazes e com gritos de ordem, os manifestantes ocuparam as pistas da estação. O protesto só acabou depois que policiais militares dispararam bombas de efeito moral para dispersar a multidão.

Alguns articulados foram vandalizados - Estefan Radovicz / Agência O Dia

De acordo com o BRT, quatro articulados foram vandalizados durante o protesto. Dois tiveram pneus furados e os outros dois vidros quebrados.

"Eu estava indo para o trabalho, quando jogaram uma bomba do meu lado. Eu estava quieto, esperando a confusão acabar para poder entrar na estação. O policial me viu sentado", conta o pintor Alcimar Moura, que teve a calça rasgada e ficou com ferimentos no rosto.

A grávida Vanessa Lima, de 28 anos, também sofreu com os impactos das bombas de efeito moral disparadas. Ela não foi diretamente atingida por uma, mas passou mal ao sentir o efeito do gás lacrimogêneo quando estava na estação. Vanessa foi levada ao Hospital Pedro II, em Santa Cruz.

A PM foi acionada - Estefan Radovicz / Agência O Dia

Já um técnico de refrigeração que preferiu não se identificar acredita que possa ter perdido o emprego que havia acabado de conseguir por causa da confusão.

"Eu estou desempregado há cinco meses e peguei o último dinheiro que tinha em casa para ir na empresa entregar a documentação", diz o morador de Campo Grande que, por causa da interrupção no serviço, não conseguiu chegar ao Centro da cidade. "Acho que perdi o emprego. Vou ligar para a empresa e explicar o que houve para ver se eles ainda me aceitam".

Passageiros se aglomeraram nos acessos à estação - Estefan Radovicz / Agência O Dia

Inúmeros problemas

Os passageiros que protestaram nesta segunda reivindicam uma série de melhorias no sistema. As reclamações vão de horários irregulares a articulados velhos. Muitos contam que o ar-condicionado dos veículos não dão vazão, que há goteiras quando chove, superlotação e até roubos e furtos dentro dos articulados.

Procurado pelo DIA, o BRT culpa a falta de conservação das pistas para o desgaste "acentuado dos ônibus". Para o consórcio, por causa disso, muitos veículos foram retirados de circulação. "Com reflexos, óbvios, na eficiência e qualidade do serviço ofertado, como a superlotação. Cerca de 70 articulados estão em manutenção, gerando impactos na qualidade do transporte e no conforto dos passageiros", alega.

O BRT compara, ainda, a vida útil dos articulados no Rio com os de outros países. De acordo com o consórcio, fora do Brasil, os ônibus duram, em média, 20 anos. "Mas no Rio o tempo médio é de apenas cinco anos, em função das péssimas condições das pistas e dos atos de vandalismo", reclama.

Já a assessoria do interventor Luiz Alfredo Salomão informou que um grupo que participou da manifestação será recebido nesta tarde para apresentar as reivindicações. Ainda segundo a nota, a intervenção trabalha para aumentar a segurança nas estações contra os calotes e o comércio ilegal e o recapeamento dos trechos críticos do corredor Transoeste, e ressaltou que a pista foi inaugurada em 2012 com um projeto cheio de erros de pavimentação e de dimensionamento das estações.

A reportagem também procurou a Polícia Militar sobre a bomba que atingiu o técnico de refrigeração, mas até a publicação da reportagem não obteve retorno.

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