Comunidade do Santa Marta é higienizada pelos próprios moradores para o combate ao novo coronavírus - Daniel Castelo Branco / Agência O Dia
Comunidade do Santa Marta é higienizada pelos próprios moradores para o combate ao novo coronavírusDaniel Castelo Branco / Agência O Dia
Por O Dia

Rio - O governo do estado pretende retomar e aquecer o turismo em favelas da capital. Pelo menos 20 comunidades seriam beneficiadas com a implantação de infraestrutura adequada. O projeto-piloto vai abranger três comunidades, todas na Zona Sul do Rio: Chapéu-Mangueira, Babilônia e Santa Marta. As duas primeiras já recebem, atualmente, cerca de 50 turistas brasileiros e estrangeiros a cada fim de semana. 

Segundo o secretário estadual de Turismo, Otavio Leite, visitas técnicas a essas três comunidades serão feitas ainda este mês com o objetivo de organizar a capacidade de turismo comunitário. Ele se reuniu, ontem, com representantes da Conexão de Empreendedores de Turismo em Favelas (ConTur) para discutir formas de fortalecer o segmento.

"O Rio de Janeiro precisa resgatar um potencial que é o turismo em favelas. Desde 2012, a favela é patrimônio universal da Unesco devido a uma razão muito simples: a geografia e a ligação entre mar e montanha. E nossas comunidades têm uma vocação turística que precisa ser desenvolvida, pois ela gera emprego e renda para a cidade", disse Otavio Leite.

Serão estudados modelos padrões como, por exemplo, os quiosques de informações turísticas. Hoje, no Santa Marta, localizada em Botafogo, o antigo ponto para turistas, na praça que dá acesso à favela, é o primeiro atrativo avistado por quem deseja visitar o local.

"As pessoas buscam conhecimento sobre a parte histórica e a culinária, além do visual da cidade, que é incrível. O turismo em comunidade tem um potencial muito grande e fomos buscar apoio do governo para que tenhamos mais infraestrutura em nossos tours", afirmou Dinei Medina, atuante no setor de turismo desde 2008 no Chapéu-Mangueira e Babilônia.

Gilson "Fumaça" é guia de turismo no Santa Marta há nove anos e faz parte do ConTur. Segundo ele, atualmente, 12 moradores trabalham como guia, credenciados pelo Cadastur, na favela Botafogo.

"Foi o próprio Governo do Estado que abriu as portas para o turismo nas favelas, com projetos que formaram a mão-de-obra especializada para atuar nas comunidades. A partir daí, o trade de turismo nos conheceu e, com isso, nos organizamos para profissionalizarmos ainda mais. É importante dar continuidade a esse apoio porque ainda existe uma potencialidade muito grande. Os turistas querem saber como é viver na favela e o seu cotidiano. Sempre que possível, agregamos algo mais, como uma roda de samba e feijoada. É importante quebrar esse paradigma de que só há o lado ruim da favela", comentou Gilson. 

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