Eloáh diz não sentir as pernas. Ela ainda corre risco de perdê-las  - Whatsapp O DIA
Eloáh diz não sentir as pernas. Ela ainda corre risco de perdê-las Whatsapp O DIA
Por MARIA INEZ MAGALHÃES

Rio - "Fiquei toda ensopada de sangue. Parecia filme de terror". O relato desesperador é de Vanessa Oliveira de Sousa, mãe de Eloáh Oliveira de Macedo, de 8 anos, a menina que foi ferida gravemente por linha chamada de chilena (que usa uma espécie de cerol com alumínio e quartzo) no domingo, em Realengo, Zona Oeste. A criança sofreu cortes profundos nas duas pernas e teve que ser operada com urgência. Está internada no Hospital Albert Schweitzer, também em Realengo, em estado grave na UTI. "Ela está chorando, dizendo que quer morrer, que não sente as pernas. É muito triste ver minha filha assim", lamentou Vanessa.

A chamada linha chilena é usada para a prática de soltar pipas. É capaz de cortar quatro vezes mais profundamente do que o cerol (mistura de vidro moído e cola). A venda de ambos é proibida por lei. Mas esses produtos são facilmente comprados pela internet ou em comércio clandestino feito até em residências.

Vanessa ainda teme pela vida da filha. "As perninhas ficaram em carne viva. Ela quase as perdeu. Os médicos disseram que pode haver sequelas", disse Vanessa, chorando muito. Ela contou que, ao seguir para casa com Eloáh, as duas passavam por uma passarela na Avenida Brasil, quando a menina foi atingida.

"Eloáh saiu correndo na minha frente, eu cheguei a dizer para ela parar porque era perigoso, estávamos na Brasil, e vinham muitos carros. Ela, então, voltou e, nessa hora, foi ferida pela linha. Eu escutei o grito e vi suas pernas sangrando. Se não fosse a Eloáh, isso teria acontecido comigo, porque ela já tinha passado pela linha, e era eu quem passaria depois", lembrou Vanessa.

A mãe relatou os momentos de desespero para socorrer a criança: "Eu gritava pedindo socorro, e não aparecia ninguém. De repente, veio uma moça que pegou minha bolsa, e um rapaz segurou minha filha. Parou um carro, que eu nem sei de quem é, e a levou para o hospital. A sorte é que estávamos perto da unidade. Pensei que minha filha ia perder as pernas".

Segundo dados do Linha Verde, serviço do Disque-Denúncia, foram recebidos, em 2017, 110 denúncias sobre cerol e linha chilena. Em 2018, esse número subiu para 128. Este ano, houve até agora 33 registros. As ligações são feitas para o 0300 253 1177, e o anonimato é garantido. Em veículos que fazem transporte remunerado de passageiros, o Detran exige o uso de uma antena que corta a linha, a fim de minimizar riscos, especialmente no caso de motociclista.

A linha chilena é feita com mistura de alumínio e zinco e corta 14 vezes mais que cerol. A venda é proibida por lei - Divulgação

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