Aumenta o número de casos de Sarampo no mundo - Arquivo/Agência Brasil
Aumenta o número de casos de Sarampo no mundoArquivo/Agência Brasil
Por GUSTAVO RIBEIRO

Rio - A carga roubada com mais de 90 mil doses de vacinas na manhã desta sexta-feira na Avenida Brasil, na altura de Guadalupe, Zona Norte do Rio, terá de ser inutilizada mesmo se for localizada. O motivo é o tempo em que o material já ficou fora das condições adequadas de armazenamento. A informação foi dada ao DIA por uma fonte da Secretaria Municipal de Saúde (SMS). O veículo foi localizado em Realengo, na Zona Oeste, mas a carga, avaliada em R$ 1,5 milhão, ainda não foi recuperada. 

Das 90.454 doses, 62 mil eram de vacina contra a gripe, cuja campanha nacional de imunização começa na próxima quarta-feira, dia 10. As demais eram diversas vacinas de rotina, como poliomielite oral, tríplice viral, tetra viral, entre outras. O material, fornecido pelo Ministério da Saúde, iria para unidades de saúde do município.

"As vacinas nunca podem ficar fora do armazenamento correto. Se saiu do armazenamento correto por qualquer período, o efeito delas para uso já não é mais garantido. Depende de vários fatores, como a temperatura em que elas ficaram, quantas horas... Não dá para dizer isso ou aquilo. A gente já considera que elas não são mais apropriadas", afirmou a fonte.

Apesar do roubo, a SMS garante que o ocorrido não atrapalhará o início da Campanha de Vacinação contra a Gripe. A pasta esclareceu ainda que a empresa de transportes TPC tem seguro. "De jeito nenhum vai afetar a campanha. Recebemos uma quantidade que nos deixa bem confortável para atender ao público. Até porque temos várias remessas para atender a campanha, e o Ministério da Saúde provavelmente vai nos enviar mais", acrescentou um representante da pasta. Segundo a fonte, também não há risco de a população ficar desabastecida das outras vacinas contidas na remessa. "Temos estoque que dará para repor", esclareceu.

De acordo com a SMS, os bandidos também levaram outros insumos, como preservativos, seringas para insulina e materiais para verificar glicemia que seriam usados para abastecer unidades de saúde. O DIA apurou que as vacinas contra a gripe saíram do depósito da prefeitura em Jacarepaguá e iriam para unidades da área de Bangu, na Zona Oeste, e Guadalupe. Em todo o município, 1,48 milhão de pessoas devem ser imunizadas, o que corresponde a 90% do público-alvo.

"A queixa do roubo foi registrada na Cidade da Polícia pela empresa responsável pelo transporte. O caminhão foi localizado, mas a carga já havia sido retirada do veículo e ainda não foi recuperada", acrescentou a pasta.

Por meio de nota, a Polícia Civil afirmou, no início da noite, que "as investigações seguem na DRFC (Delegacia de Roubos e Furtos de Cargas) para localizar a carga de remédios roubada. O caminhão já foi localizado e está sendo encaminhado à perícia. O motorista está sendo ouvido na unidade".

Por telefone, o delegado titular da especializada, Edson Henrique Damasceno, não quis dar mais detalhes sobre a investigação, que disse estar sob sigilo. "Foram feitas diligências, exames periciais e uma série de coisas que estão sob sigilo", ressaltou o investigador. Questionado se a polícia já sabia a localização da carga, respondeu: "Se soubéssemos, já teríamos recuperado". 

No início da noite, o Ministério de Saúde disse que não havia sido notificado oficialmente pelo estado do Rio de Janeiro sobre o fato. "A Campanha Nacional de Vacinação contra a Influenza começa na próxima quarta-feira (10) em todo o país e as doses para a vacinação da população estão garantidas", frisou o órgão. A Prefeitura do Rio, no entanto, afirmou que avisou ao Ministério da Saúde.

Especialista concorda que campanha não deve ser afetada

O infectologista Celso Ramos, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), acredita na informação da Secretaria de Saúde de que a campanha contra a gripe não será prejudicada no município. "Não tenho noção do tamanho do estoque de vacinas do estado, do município nem do próprio Ministério da Saúde. Mas esse número, embora não seja desprezível, é relativamente pequeno se considerar a população a ser vacinada. Então não acredito que tenha problema maior", comentou. "Mas é um fato gravíssimo. Tenho curiosidade de saber o que vão fazer com essa vacina, quem vai querer comprar isso", acrescentou o especialista.

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