Em junho, tiroteio deixou quatro mortos e 13 feridos em bar da cidade - Reprodução DA Internet
Em junho, tiroteio deixou quatro mortos e 13 feridos em bar da cidadeReprodução DA Internet
Por RENAN SCHUINDT

Rio - Noite de 18 de março no Parque São Vicente, em Belford Roxo. Quatro amigos jogam baralho do lado de fora de um bar. Outras duas pessoas andam pela calçada. Uma moto com dois homens se aproxima e diminui a velocidade. O carona saca a arma e atira, deixando dois mortos e um ferido. A cena, em vídeo compartilhado nas redes sociais, revela uma rotina assustadora. Levantamento de O DIA registrou pelo menos nove ataques a bares só neste ano na região. Ao todo, 14 vítimas morreram e outras cinco ficaram feridas. Em média, uma pessoa é baleada a cada quatro dias nesse tipo de estabelecimento na Baixada.

Disputas por território entre traficantes e milicianos podem estar por trás desses ataques. “Muitos bares são frequentados por milicianos. Como ficam expostos, se tornam alvo de outros criminosos. O problema é que inocentes ficam no meio do fogo cruzado”, lamenta um morador.

Mas a Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF) ainda adota cautela nas investigações. “É cedo para afirmar que essas ações são uma guerra entre traficantes e milicianos. Mas estamos empenhados nesses casos e as investigações estão em andamento”, disse Moysés Santana, titular da especializada.

Especialista em segurança e ex-capitão do Bope, Paulo Storani diz que a baixa quantidade de policiais militares na Baixada agrava o problema. “Falta efetivo, viaturas e preparo para atuar nas investigações. A curto prazo, não vejo solução. É preciso planejamento e inteligência para combater esses criminosos”, afirma. Em nota, a Polícia Militar disse que tem empenhado esforços para aperfeiçoar o policiamento preventivo e ostensivo.

No lugar errado

No relato citado no começo da reportagem, Maycon do Nascimento de Lima, de 28 anos, morreu após dar entrada no Hospital Municipal de Belford Roxo. A outra vítima fatal foi Claudemir do Nascimento Martins, de 48 anos. “Meu pai era motorista e estava com os amigos no dia de folga. Era um homem bom. A pessoa que seria o alvo fugiu na direção dele”, relata uma das filhas de Claudemir.

No dia anterior, um outro crime semelhante ocorreu na Vila Maria Helena, em Duque de Caxias. Um homem a bordo de um carro disparou na direção de um bar. Três pessoas morreram.

QUEIMADOS, A CIDADE MAIS VIOLENTA DO PAÍS

O primeiro caso deste ano ocorreu no dia 6 de janeiro, em Queimados. Na ocasião, duas pessoas morreram e dois adolescentes ficaram feridos após ocupantes de um carro preto passarem atirando contra um bar onde acontecia um pagode, no bairro Fanchem.

O município, aliás, foi apontado como o mais violento do país pelo Atlas da Violência de 2018. Segundo os dados, produzidos pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, a taxa é de 134,9 mortes violentas para cada 100 mil habitantes.

Outras oito cidades da Baixada Fluminense também foram citadas em uma lista composta por 123 municípios: Japeri (95,5), Nilópolis (73,3), Belford Roxo (58,1), Magé (57,1), São João de Meriti (56,0), Nova Iguaçu (54,4), Mesquita (54,4) e Duque de Caxias (47,2).

Para a Organização das Nações Unidas (ONU), taxas acima de 10 mortes por 100 mil habitantes são consideradas violência epidêmica.

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