Falsificações foram avaliadas em cerca de R$ 2 milhões. Entre os presos encaminhados para a Cidade de Polícia, cinco são latino-americanos  - Daniel Castelo Branco
Falsificações foram avaliadas em cerca de R$ 2 milhões. Entre os presos encaminhados para a Cidade de Polícia, cinco são latino-americanos Daniel Castelo Branco
Por Antonio Augusto Puga

Agentes da Delegacia de Repressão aos Crimes Contra a Propriedade Imaterial (DRCPim) estouraram ontem 12 depósitos de produtos falsificados em diferentes endereços do Centro do Rio. Durante a Operação Esculhambação foram apreendidos cerca de nove toneladas de mercadorias, entre bonés, acessórios para celulares, sandálias, tênis, mochilas, além de roupas e bolsas de marcas famosas como Victor Hugo, John John e Louis Vuitton. As falsificações foram avaliados em cerca de R$ 2 milhões. Dez pessoas foram presas.

Em um dos depósitos, localizado na Rua Ramalho Ortigão, no Largo de São Francisco, os policiais retiraram mais de sete toneladas de produtos falsificados. Na Rua Uruguaiana foram encontrados bolsas, sandálias e mercadorias em fardos dos Correios, além de óculos e camisas de clubes e da seleção brasileira.

Segundo o titular da DRCPim, Maurício Demétrio, as investigações começaram há dois meses. Ainda segundo ele, agentes da especializada vinha monitorando onde os ambulantes guardavam os produtos que eram vendidos nas ruas. Na operação de ontem foram presas dez pessoas. Entre elas, cinco estrangeiros e Luiz Carlos de Oliveira, que estava foragido e tinha mandado de prisão em aberto por assalto.

"Os fornecedores desses produtos são os países asiáticos. Pelo volume, as mercadorias entram pelo porto, pela fronteira seca. A maioria vem direto da China. Identificamos também um grande número de latinos trabalhando, especialmente peruanos, bolivianos e equatorianos. Vamos saber como eles estão vindo para o Brasil e a situação legal deles no país", afirmou o delegado.

topo do ranking

O Brasil está entre os cinco países que mais consomem produtos piratas ou falsificadas. O ranking é liderado pelos Estados Unidos, seguido da Rússia e da Índia. Segundo um levantamento divulgado pelo Instituto de Desenvolvimento Econômico e Social de Fronteiras (Idesf) e a Associação Brasileira de Combate à Falsificação (ABCF), o contrabando, a pirataria e a falsificação geraram um prejuízo à economia nacional de cerca de R$ 160 bilhões em 2018.

No ano passado, a Receita Federal apreendeu mais de R$ 3,1 bilhões em produtos contrabandeados ou que entraram no país sem o pagamento de impostos, um crescimento de 40% na comparação com os R$ 2,2 bilhões apreendidos em 2017. A lista é liderada pelo cigarro, com cerca de 43% do total. A segunda posição é ocupada pelos eletrônicos, com 7,1%. Em terceiro aparecem as peças de vestuário, com 3,6%.

Para a advogada e especialista em propriedade intelectual Mariana Benfati, o país tem uma perda enorme em termos de impostos, assim como as empresas também são prejudicadas com a pirataria. Para ela, a crise econômica contribui em vários fatores para o problema. Ainda segundo a advogada, a produção de mercadorias falsificadas não se restringe unicamente aos países asiáticos. "Existem regiões no Brasil que contribuem na fabricação de mercadorias piratas. Santa Catarina, por exemplo, produz camisetas, bermudas, enquanto que em São Paulo o forte são os sapatos. Petrópolis, na Região Serrana, temos os moletons", explica.

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