Por O Dia
Rio - A Polícia Civil investiga se criminosos tinham como alvo um homem que atuava como agiota quando efetuaram disparos contra um bar, em São Gonçalo, na noite do último domingo. Na ação, quatro pessoas
morreram e outras sete ficaram feridas. O alvo estaria entre os sobreviventes.
Um bilhete entregue ao O DIA por um morador corrobora com a principal linha de investigação. "Não aguentamos mais essa milícia, que cobra R$ 150, por quinzena, dos moradores. Socorro”, diz trecho. Ainda no recado, os apelidos de dois milicianos, investigados pela polícia como mandantes, são citados. Eles seriam Felipe Raoni da Silva, o Mineirinho, e Anderson Cabral Pereira, o Sassa.
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Desde o ano passado, ambos estão presos e já foram denunciados pelo Ministério Público por enviar ordens para crimes de dentro da prisão, através de conferências telefônicas. As gravações constataram que Mineirinho prestaria serviço para dois grupos criminosos, um deles comandado por Sassa, que seria responsável por cerca de 50 mortes.
Na denúncia sobre Mineirinho, os promotores escreveram que ele “é um dos componentes mais operacionais da milícia e também mais violento, atuando em diversos homicídios e tomada de territórios de traficantes”. Em fotos anexadas ao documento, ele estaria posando vestido com fardamento e usando armamento
da Polícia Militar. Segundo o MP, tanto a farda quanto o armamento teriam sido concedidos por policiais
militares que recebiam dinheiro da milícia.
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Em outra escuta, Sassa ordenaria que seus comparsas quebrassem o carro de um pastor, que estaria com
o aluguel da igreja atrasado. O imóvel pertenceria a traficantes expulsos pelo seu grupo paramilitar. Em outro trecho, Sassa avisa que o pastor tem sete dias para deixar o imóvel e ameaça caso a ordem não seja cumprida.
INVESTIGAÇÃO
De acordo com Bárbara Lomba, titular da Delegacia de Homicídios de Niterói, São Gonçalo e Itaboraí
(DHNSG), outras linhas de investigação ainda não estão descartadas, como o crime ter sido praticado por
traficantes. “Tanto pode ser ação de um grupo (tráfico) como de outro (milícia). Também pode ser de um
dos grupos querendo que a polícia vá pelo caminho errado”, ponderou.
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Com os disparos em direção ao bar, o professor de espanhol José Luis Caetano e a comerciante Janete
Santos, de 41 anos, morreram na hora. Já Valdir Pinto Oliveira Sobrinho, 61, e Fábio Rosa de Souza,
chegaram a ser socorridos, mas não resistiram. O corpo de Fábio foi enterrado ontem. Os feridos têm o estado de saúde estável.