Por RENAN SCHUINDT

Rio - Termina hoje, às 17h30, o prazo estipulado pelo Tribunal de Justiça do Rio (TJRJ) para que seja entregue o laudo sobre as reais condições da Avenida Niemeyer, que segue interditada. O documento foi elaborado por peritos e geólogos à pedido do próprio TJ. O objetivo é esclarecer se há risco de deslizamento de terra e pedras, e se a reabertura da via poderá representar algum perigo à população. A vistoria foi realizada ontem e levou três horas. No relatório, os especialistas vão apontar possíveis pontos de instabilidade. Agora, caberá ao TJ analisar e decidir se mantém o fechamento.

Além de ser uma das principais vias de ligação entre a Zona Oeste e a Zona Sul, a Niemeyer é palco de uma das maiores provas esportivas do país: a Maratona do Rio, prevista para acontecer nos dias 22 e 23 de junho. Temendo pela interdição organizadores do evento cogitam mudar o percurso da competição, que tem a expectativa de atrair 40 mil corredores.

"Fizemos a diligência no local para avaliação de eventuais riscos. Conseguimos fazer um sobrevoo com ajuda de um drone e temos bastante material fotográfico. Adentramos no escorregamento principal. Existe realmente um conjunto de instabilidade, mas isso tem que ser analisado", disse o perito da Justiça da 3ª vara de Fazenda Pública, Luiz Roberto Sertã. Ainda de acordo com o especialista, os elementos que foram coletados são suficientes para uma conclusão da juíza Mirela Erbisti. "Teremos um laudo sumário com todos os subsídios técnicos. Caberá à magistrada a decisão". afirmou Sertã. Além do engenheiro, participaram da vistoria os geólogos Fábio Peres da Silva e João Antônio Prado Silva.

Ontem, o prefeito Marcelo Crivella criticou a determinação da Justiça. Ele chamou de palpite o estudo que o Ministério Público utilizou para embasar a liminar que acabou no fechamento da avenida. Em sua fala, Crivella afirmou que a Justiça quer ser protagonista. "Infelizmente, um biólogo, que não é especializado, pegando informações de internet, acabou pressionando o Ministério Público, que fez um pedido à Justiça, e aí esse protagonismo", disse.

Em resposta, o TJ emitiu uma nota de repúdio às declarações do prefeito. O órgão informou que cabe ao Poder Judiciário fiscalizar o Poder Executivo, "sobretudo quando há risco à população, o que não ofende o princípio da separação dos poderes". Ainda de acordo com o Tribunal, "apenas com um Judiciário forte e imune a pressões é que a cidadania brasileira encontrará abrigo para buscar o seu desenvolvimento com paz social".

Enquanto o TJ analisa o documento, a Secretaria Municipal de Transportes diz que vai manter a alteração das 13 linhas de ônibus municipais e uma linha de van que passam pela via. Segundo a pasta, os veículos deverão seguir o trajeto pela Autoestrada Engenheiro Fernando Mac Dowell (Lagoa-Barra). A CET-Rio e a Guarda Municipal reforçam a operação. Painéis eletrônicos vão informar aos motoristas sobre as rotas alternativas.

 

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