Lixe e entulho - Reprodução
Lixe e entulhoReprodução
Por GUSTAVO RIBEIRO

Rio - Descarte irregular de lixo e entulho teve "relação direta" com o deslizamento de terra que derrubou parte do teto de concreto do Túnel Acústico Rafael Mascarenhas, na Gávea. A informação é da Secretaria Municipal de Infraestrutura e Habitação, a qual a Fundação Geo-Rio está subordinada. O incidente aconteceu no 17 de maio, quando a cidade foi atingida por forte chuva, que persistia desde o dia anterior. A Comlurb, responsável pela limpeza urbana, informou que retirou do local 144 toneladas de resíduos, entre lama, galhada, entulho e material como móveis e eletrodomésticos.

Segundo a Geo-Rio, os responsáveis pelo acúmulo de lixo serão multados em razão do prejuízo causado à cidade. Alegando "uma questão legal", o órgão não quis dizer a quem atribui a irregularidade. "O descarte irregular do lixo tem relação direta com o que ocorreu na encosta. O responsável será multado pela prefeitura. Estamos apurando o valor da multa, por conta do prejuízo causado à cidade", destacou a Fundação, por meio de nota. O órgão negou falta de fiscalização para impedir o problema: "As encostas são monitoradas de forma constante, com prioridade para os locais que possuem construções irregulares".

De acordo com a Comlurb, diversos objetos foram retirados do local, entre os dias 17 e 19 de maio. Por meio de nota, a companhia ressaltou que atualmente a encosta passa por obra de contenção, sob responsabilidade da Geo-Rio, e disse que ali "nunca foi depósito de lixo". Mas O DIA apurou que havia, no meio do entulho, móveis, geladeira e fogão, em plena área nobre da Zona Sul. Até uma cabine de segurança foi encontrada nos dejetos.

Geladeira estava entre os objetos retirados da lama - Reprodução

Questionada sobre quantas toneladas de lixo e entulho foram retiradas separadamente da lama, a Comlurb respondeu que "é contabilizado tudo junto". No dia do ocorrido, o prefeito Marcelo Crivella afirmou que 30 toneladas de lama deslizaram. Um ônibus acabou sendo atingido, mas ninguém ficou ferido. O trânsito no Túnel Acústico foi totalmente liberado no dia 20.

Coordenador do Programa de Engenharia Civil da UFRJ, o engenheiro Mauricio Ehrlich, especializado em Geotecnia, ponderou que a Comlurb precisa especificar a quantidade de entulho removido. Segundo ele, acúmulo irregular de lixo pode provocar deslizamento de encostas, mas quando há material em grande quantidade. "Já aconteceram deslizamentos no passado em regiões de favelas, onde o pessoal fazia montanhas de lixo. O lixo forma um barramento para a água da chuva e ela não consegue descer, além do peso dele. Mas isso acontece em grandes quantidades", explicou.

"Chuvas intensas e prolongadas são agentes naturais que podem provocar deslizamentos de terra em áreas suscetíveis a estes processos. No entanto, há ações antrópicas que podem favorecer a ocorrência destes eventos, como o descarte irregular de lixo ou entulho, bem como o lançamento de águas servidas (esgoto) em encostas", destacou Alessandra Conde de Freitas, professora da Escola Politécnica da UFRJ. "Assim, fica evidente a importância e necessidade de investimento em ações de educação para redução do risco de ocorrência de movimentos de massa, como o deslizamento de terra ocorrido. Além das ações de fiscalização", acrescentou a especialista.

Entulho 'teve relação' direta com o deslizamento, afirma a prefeitura - Reprodução

 
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