Aulas do Coletivo Skate Maré acontecem em quadra de futebol  - Divulgação
Aulas do Coletivo Skate Maré acontecem em quadra de futebol Divulgação
Por LUANA BENEDITO
Rio - O Coletivo Skate Maré (CSM) está com uma vaquinha virtual para levantar recursos para a construção de uma pista de skate no Complexo da Maré, Zona Norte do Rio. O grupo promove desde 2015, de forma voluntária, o esporte através de aulas na quadra do Pontilhão — espaço com diversas atividades culturais, embaixo do viaduto da Linha Amarela, entre o Morro do Timbau, Baixa do Sapateiro e Vila do Pinheiro.

Integrante do coletivo desde o início, o inglês Damian Platt diz que com a construção do Maré Skatepark eles vão conseguir alcançar mais jovens e acompanhar a alta demanda pelo esporte na comunidade. Para doar acesse o site: https://benfeitoria.com/csm.
Atualmente, o CSM atende 30 crianças e jovens a cada semana. As aulas são realizadas aos sábados, porque é o único dia disponível da quadra de futebol para as atividades.
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“Além das aulas, nós queremos oferecer um ou dois dias da semana para emprestar os equipamentos para as pessoas poderem vivenciar o skate e praticar, além do aprendizado das aulas”, revela Damian, sobre os planos para o futuro.O Maré Skatepark será aberto para toda a população.
Coletivo Skate Maré faz vaquinha para construção de pista na Maré - Divulgação
O financiamento coletivo tem três metas a serem alcançadas. A primeira, que encerra no dia 14 de junho, tem como objetivo arrecadar R$ 15 mil para o material da construção. A segunda meta de R$ 20 mil é para garantir as aulas durante um ano. Já a terceira de R$ 25 mil é para mais equipamentos de skate e segurança.

“Vamos trabalhar conforme a gente arrecadar. Porém, se nós ganhamos mais, conseguiremos fazer uma pista melhor”, afirma Damian.

O skatepark tem o projeto assinado pelos arquitetos do Rio Ramp Design e será construído durante o mês de junho pela ONG Make Life Skate Life, de forma totalmente voluntária.
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A organização é especialista em projetos de skate social e já produziu pistas em As-Sulaymaniyah (Iraque); Taghazout (Marrocos); Annapurna (Nepal); Addis Ababa (Etiópia); Yangon (Mianmar); Amã (Jordânia); La Paz (Bolívia); Bangalore (Índia).

Skate promove o lazer na comunidade

O Complexo da Maré, conjunto formado por 16 favelas, é uma das regiões mais violentas do Rio. De acordo com o levantamento da ONG Redes da Maré, no ano passado foram registrados 27 confrontos entre grupos armados, 16 operações policiais,10 dias com escolas e postos de saúde fechados e 24 mortos em confrontos violentos.
Coletivo Skate Maré faz vaquinha para construção de pista na Maré - Divulgação


Morador da Maré e integrante do coletivo, Jean Alves diz que o projeto busca dar suporte para as crianças conseguirem ver e viver além da violência frequente no local. “Enquanto a criança poderia estar na rua fazendo sabe-se lá o quê. Ela pode estar na pista andando de skate, e quem sabe um dia pode até se tornar um atleta.”  “O skate agrega muitos valores para as crianças e os jovens como a coletividade, solidariedade e persistência. O esporte salva vidas”, completa Jean.
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Aulas do Coletivo Skate Maré acontecem em quadra de futebol - Divulgação
‘O skate salvou minha vida’, diz integrante do coletivo 

Atualmente instrutor do projeto, Jean tinha 13 anos quando conheceu o skate. “Uma amiga andava no Pontilhão. Eu fui lá conhecer e fiquei até hoje. Lá eles me deram o suporte, ensinaram o básico, as manobras e como ter equilíbrio”, lembra o jovem, que hoje tem 20 anos.

“Eu como morador da Maré, desde que nasci, posso dizer que o projeto me salvou, cara. Eu podia ter feito diversas outras coisas, mas conheci o skate. Ele me trouxe outra visão do mundo”, afirma Jean.

O jovem conta que admirava os instrutores trabalhando de forma voluntária e com amor. “Eu via , ainda criança, e pensava 'que legal, eu quero fazer isso também'. Eu passei a ensinar tudo que eu aprendia, mesmo sem ser instrutor.
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Aulas do Coletivo Skate Maré acontecem em quadra de futebol - Divulgação