Vista aérea mostra condomínio ao lado da via antes do desabamento - Reprodução
Vista aérea mostra condomínio ao lado da via antes do desabamentoReprodução
Por Marina Cardoso

Rop - O descarte irregular de lixo e entulho pode não ter sido a única causa do deslizamento de terra que derrubou parte do teto de concreto do Túnel Acústico Rafael Mascarenhas, na Gávea, há duas semanas, conforme O DIA publicou neste sábado com exclusividade. Um dos engenheiros responsáveis pela via que liga as zonas Sul e Oeste acredita que a construção de casas de luxo no entorno pode ter contribuído para o desmoronamento.

Segundo o engenheiro Nelson Araujo Lima, um dos projetistas responsáveis por um trecho do Túnel Acústico que não foi atingido, a construção de casas ao lado da galeria teria contribuído para o escorregamento do solo no teto do túnel. "Há 40 anos, aquele lugar era absolutamente deserto. Com a necessidade de movimento da terra para a construção dos imóveis, o terreno foi sendo modificado, o que pode ter contribuído para o desabamento", explica.

As casas citadas pelo engenheiro ficam localizadas na Rua Embaixador Graça Aranha, endereço próximo ao túnel. Ainda segundo Lima, há terrenos com quadras de tênis e até heliponto, "que não deveriam ter sido feitas na região". Para ele, é preciso uma revisão de todo o percurso que ladeia o Túnel Acústico. "Outros desmoronamentos podem se repetir e colocar em risco as vida das pessoas que cruzam o túnel", afirma o especialista.

A região ao redor do túnel fica em volta de um condomínio chamado Jardim Pernambuco, do Conjunto Residencial Marques de São Vicente e de um sítio.Uma das diretoras da Associação de Moradores do Jardim Pernambuco, que não quis se identificar, disse que o condomínio não tem conhecimento sobre descarte de lixo irregular no local. "Esses resíduos não vêm de nenhuma das casas do condomínio, de nenhum dos moradores.", afirmou. 

A Secretaria Municipal de Infraestrutura e Habitação, a qual a Geo-Rio está subordinada, ainda não finalizou o laudo. Mas informou que vai multar os responsáveis pelo descarte de lixo. Ainda segundo a pasta, as encostas são monitoradas de forma constante, com prioridade para os locais que possuem construções irregulares. As obras emergenciais de contenção da encosta do túnel deverão ser concluídas em até seis meses. 

Avenida Niemeyer

Laudo pericial feito pela equipe técnica do Tribunal de Justiça do Rio, divulgado na sexta-feira, apontou que os deslizamentos de terra na Avenida Niemeyer, na Zona Sul, ocorreram pelo despejo de esgoto e lixo doméstico, que deixaram pontos "úmidos e com escorregamento". A via teve seis trechos de desmoronamento. Os peritos constataram a possibilidade de novas ocorrências mesmo em dias sem chuva.

Conforme o documento, a própria área geográfica apresenta blocos de rocha em inclinações elevadas, desprendimento do solo, declive acentuado e ausência de vegetação de cobertura, condições que potencializariam os desabamentos em épocas de chuva ou estiagem. Os peritos constaram ainda filetes de água nos pontos citados, constatando "existência de tubulação de esgotamento sanitário, que acaba por contribuir para a formação de linhas d'água".

 

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