Agentes estiveram em três endereços, em Caxias. Foram encontrados geradores e uma réplica de fuzil  - Divulgação
Agentes estiveram em três endereços, em Caxias. Foram encontrados geradores e uma réplica de fuzil Divulgação
Por Rafael Nascimento e Renan Schuindt
Rio - Um homem foi preso nesta segunda-feira durante operação da Polícia Civil para combater furto de combustível em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. A ação cumpriu nove mandados de busca e apreensão. O objetivo era encontrar equipamentos usados por criminosos durante um roubo de gasolina nos bairros de Parque Capivari e Amapá, que resultou na explosão de um duto da Transpetro, em abril. Na ocasião, a menina Ana Cristina Pacheco, de 9 anos, morreu e duas pessoas ficaram feridas
Os policiais estiveram em três endereços em Xerém. Em um deles, Matheus da Silva Machado, de 21 anos, conhecido como Batata, foi encontrado com um motor de carro roubado. Ele foi detido por receptação. A polícia apura o envolvimento do rapaz no esquema que furta gasolina em seu estado bruto (tipo A) e passa por refino antes da comercialização. Segundo a polícia, há indícios de participação da milícia no furto de combustível.
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Uma fonte ligada à investigação contou a O DIA que o desvio de combustível teria participação de moradores e ex-funcionários da Transpetro. Ainda segundo ela, um recrutador indicado pela milícia é quem coopta ex-funcionários da empresa. O objetivo seria conseguir mão de obra especializada. O grupo responderia pela parte técnica da operação.
Segundo a fonte, caberia a eles encontrar o local e fazer a furação dos dutos. No esquema, os criminosos também tentariam angariar proprietários de terrenos e sítios por onde os dutos passam. Haveria também soldadores e motoristas de caminhão, e, após o abastecimento do reservatório do veículo, o combustível seria levado em seu estado bruto para o refino. Cada carregamento seria vendido por R$ 50 mil, pagos à vista e em dinheiro. São João de Meriti e Nova Iguaçu, ambos na Baixada; e São Paulo seria os principais destinos do material furtado.
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De acordo com um levantamento da Transpetro, desde 2016 os casos de furto de combustível mais que triplicaram no Estado do Rio, saltando de 72 para 261 no ano passado. Segundo a subsidiária da Petrobras, foram 42 milhões de litros furtados por quadrilhas especializadas, com prejuízos que ultrapassam R$ 600 milhões.
Para o delegado Júlio Filho, titular da Delegacia de Defesa dos Serviços Delegados (DDSD), a investigação é considerada complexa. "É um verdadeiro quebra-cabeças. Trata-se de uma organização criminosa que sabe muito bem o que está fazendo. Outras diligências serão feitas. Não descartamos nenhuma hipótese", afirmou o delegado da especializada.
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Famílias reclamam da falta de apoio
Passado mais de um mês desde a morte de Ana Cristina Pacheco, de 9 anos, que teve 80% do corpo queimado ao cair em uma poça de gasolina durante tentativa de roubo de combustível de um duto da Transpetro, em Duque de Caxias, a mãe da menina reclama da falta de assistência. Fernanda Pacheco, conta que está morando de favor na casa de um conhecido, junto com o pai, a mãe, a irmã e dois sobrinhos. "Estamos em situação difícil. Não sabemos até quando poderemos morar nesta casa sem pagar nada. Não tivemos nenhum suporte. Ninguém nos procurou", desabafou.

Em nota, a Transpetro informou que prestou toda a assistência necessária às famílias vizinhas ao local do vazamento ocasionado pelo furto e "que vai fornecer hospedagem aos moradores prejudicados até o próximo sábado". A empresa esclareceu ainda que "segue realizando monitoramento ambiental".