O carnavalesco Paulo Menezes, que atualmente está na Gaviões da Fiel, de São Paulo, trabalhou durante 20 anos com Leandro e a relação profissional, interrompida em 2015, se tornou uma grande amizade.
"No carnaval, eu conheço várias pessoas que não gostam de várias pessoas. Em todo o tempo que trabalhamos juntos, eu nunca conheci alguém que não goste do Leandro. A gente estava o tempo todo junto. Em 20 anos, você conhece a personalidade de uma pessoa. Eu ponho a minha mão no fogo de que o Leandro não tem nada a ver com isso", defendeu.
Ele também contesta a forma com aconteceu a prisão do aderecista. “É um absurdo a pessoa ser reconhecida por uma foto no Faceboook. A testemunha falou que ele tinha tatuagem e não tem nenhuma”, questionou, afirmando que, da mesma forma que a rede social ajudou a “identificá-lo”, poderia ajudar a encontrá-lo, pois ele foi dado como foragido.
“Ele nunca recebeu nenhuma notificação e do nada é preso. Tinha um mandado, que ele estava foragido, mas no próprio Facebook tem o local de trabalho dele. Por que não foram na Vila Isabel (escola de samba)? Ele nunca se escondeu de ninguém, não vivia como uma pessoa foragida, se fosse não colocaria na rede social onde trabalha”, falou.
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Menezes teme pela vida do amigo e tem sofrido desde que Leandro foi preso. “Nosso caso não era só relação de trabalho, era uma relação de amizade. Eu gosto muito dele, desde que aconteceu isso, não durmo direito, aquela angústia de querer ajudar a tirar do sofrimento. É uma situação muito ruim que todos nós, amigos e família, estamos passando”, disse, com a voz embargada.
Aderecista começaria preparativos para carnaval de 2020
Na semana em que foi preso, Leandro começaria os trabalhos para o carnaval de 2020 da Vila Isabel, escola para qual trabalha desde 2018 e é diretor de alegoria. Segundo o carnavalesco da agremiação, Edson Pereira, o aderecista é uma referência na sua função de exemplo de bom funcionário.
"Ele está fazendo bastante na falta. Ele é premiado, esse ano nas matérias de vídeo, todas eu coloquei ele porque é uma referência de bom profissional, o que mais se adequava, uma referência de bom funcionário, todos os lugares públicos que eu ia, Leandro estava comigo", explicou Pereira.
O carnavalesco ressaltou as qualidades de Leandro, uma pessoa identificada como "extremamente pacífica e de conduta exemplar" . "Ele trabalha comigo há três anos, não grita, não fala alto com ninguém" contou, preocupado em como o preso está reagindo ao tempo na cadeia.
“Não sou eu só que estou falando que ele é não inocente, mas todos que trabalham com ele. Nós sabemos da conduta dele e os fatos indicam isso. Ele nem tatuagem tem, não tinha proximidade da vítima. A gente sabe, conhece as pessoas, Ele é dedicado à família e estamos preocupados com isso, porque não é o ambiente que condiz com sua conduta, ele não está acostumado com isso. Todos aqui na Vila estão motivados para sua volta, porque ele faz muita falta”, contou Edson Pereira.
Leandro está na Cadeia Pública Frederico Marques, em Benfica, e está trabalhando na cozinha, de acordo com Fábio Wanderley, seu advogado. “Na medida do possível, com toda a dificuldade, ele está bem. Trabalhar é até uma forma de ele não ficar com a ‘cabeça virada’. “Isso só prova o quanto é uma pessoa digna”, disse o carnavalesco da Vila Isabel.