PM foi levado para a Superintendência da Polícia Federal, na Zona Portuária - Paulo Carneiro / Parceiro/Agência O Dia
PM foi levado para a Superintendência da Polícia Federal, na Zona PortuáriaPaulo Carneiro / Parceiro/Agência O Dia
Por O Dia
Rio - A Polícia Federal e o Ministério Público Federal (MPF) realizaram, na manhã desta terça-feira, a Operação Tergiversação, contra uma organização que atua dentro da Superintendência da PF no Rio. Dentre os presos estão o delegado Lorenzo Pompílio da Hora, o escrivão Éverton da Costa Ribeiro e um advogado. Eles são investigados por conseguirem vantagens indevidas obtidas através dos cargos que exercem na condução de inquéritos policiais em curso na PF, que podem chegar a R$ 1,5 milhão.
Ao todo, eram seis mandados de prisão preventiva, três de prisão temporária e 25 de busca e apreensão, determinados pela 7ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro.

De acordo com as investigações, os suspeitos fazem parte de um esquema de cobrança de propina em inquéritos policiais relacionados às operações Titanium (fraudes envolvendo o Plano de Saúde dos Correios) e Viupostalis/Recomeço (fraudes envolvendo o Postalis, fundo de pensão dos funcionários dos Correios). Na época das ações, o delegado e o escrivão eram lotados no Núcleo de Repressão a Crimes Postais da Delepat/RJ.

As apurações apontaram que Lorenzo Pompílio da Hora e Éverton da Costa Ribeiro solicitaram e receberam vultuosos valores de vantagens indevidas para evitar a exposição na mídia de investigados e potenciais investigados e favorecê-los nas apurações conduzidas por eles quanto às irregularidades no Postalis e no Plano de Saúde dos Correios.
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Os agentes públicos contavam com a atuação dos operadores Marcelo Guimarães e Rosalino Felizardo de Santanta Neto. Eles eram os principais intermediários da organização criminosa e usavam seus contatos para se aproximar de potenciais investigados e solicitar desses o pagamento de vantagens indevidas, além de viabilizar o recebimento de valores de propina e as operações de lavagem de dinheiro.
PAGAMENTOS EM DINHEIRO

Os pagamentos, que variaram, segundo o apurado até o momento, de R$ 400 mil a R$ 1,5 milhão, eram feitos na maior parte das vezes em dinheiro, mas em alguns casos foram repassados por meio de transferências a empresas ligadas aos operadores Marcelo e Rosalino.

Foi identificada ainda a participação do empresário e operador João Alberto Magalhães Cordeiro Júnior e de Sancler Miranda Costa no grupo criminoso, que contou ainda com a atuação de Pedro Henrique Moreira Fernandes e de Luís Henrique do Nascimento Almeida, que movimentaram recursos em espécie em favor do grupo e atuaram como "laranja" de alguns investigados.

Os elementos obtidos com as quebras de sigilo bancário, fiscal, telemático e telefônico dos investigados, somados aos elementos apresentados em razão de acordo de colaboração premiada celebrado com alguns dos empresários abordados pelo grupo criminoso, comprovaram a efetiva prática dos crimes de corrupção ativa, corrupção passiva, organização criminosa e lavagem de dinheiro. Há indícios de que o esquema criminoso envolveu outros agentes públicos e que não se limitou às investigações apontadas.