Projeto Áfricas, roda de samba em Madureira, na Arena Carioca Fernando Torres - Divulgação/Cris Vicente
Projeto Áfricas, roda de samba em Madureira, na Arena Carioca Fernando TorresDivulgação/Cris Vicente
Por Bernardo Costa

Rio - Nosso samba merece respeito. É mais do que obra-prima. É um movimento cultural que gera renda para cerca de 16 mil pessoas na cidade e uma movimentação financeira mensal de R$ 8 milhões, segundo dados da Rede Carioca de Rodas de Samba. Devagar, devagarinho, os cerca de 200 eventos que acontecem nos espaços públicos do Rio vêm se fortalecendo e buscando aproximação com os órgãos municipais. A prefeitura concluiu que era preciso aliviar a burocracia para a realização de shows, feiras e exposições de rua na cidade. O resultado é que a bonança cultural está de volta.

A Secretaria Municipal de Cultura anunciou o fim do alvará para autorização de eventos. Um sonho antigo de produtores, que reclamam da dificuldade para realizar rodas de samba em locais públicos. A partir de agora, estão agendados encontros entre sambistas e organizadores com o poder público nos bairros da Glória, Madureira, Realengo e Centro. Quem quiser participar pode se inscrever pelo site www.rio.rj.gov.br/web/smc até 21 de junho.

Essa iniciativa abraça toda a cadeia de empreendedores que atuam nas rodas de samba. Um deles é Beline de Souza, que pode ser visto com sua barraca de caldos e petiscos nos eventos Festa da Raça, Criolice, Balaio Bom e Pedeteresa.

"Na Praça Tiradentes, já tivemos muitos prejuízos com cancelamento de eventos pouco antes de começarem. As rodas geram lazer e renda para muitas pessoas", defende Beline.

Para Marcelo Santos, coordenador de articulação da Rede Carioca de Rodas de Samba, um fato a se comemorar é o reconhecimento da prefeitura do caráter mais amplo dos eventos. "As rodas, hoje, envolvem toda uma cadeia produtiva que passa também por segmentos como gastronomia e moda. Em cada evento há cerca de 80 pessoas trabalhando", diz Santos.

Segundo a Secretaria de Cultura, a resolução que será editada após os encontros vai incentivar um modelo de sustentabilidade das feiras. Uma iniciativa já anunciada é a permissão de cem mesas e 30 barracas por evento. Haverá também um calendário das rodas a serem realizadas até o fim do ano.

FORÇA FEMININA

Além de se expandir para o formato de feira, as rodas se diversificaram. A presença feminina, por exemplo, está mais forte. No samba Moça Prosa, comandado por nove instrumentistas no Largo de São Francisco da Prainha, há espaço privilegiado também para o público LGBTQ. "Temos um caráter educacional e sempre discutimos um tema com o público", diz a cantora Fabíola Machado.

A designer Carol Moupa também é figura conhecida nas rodas. Além das barracas da marca A Berenice, ela cuida da produção de moda e desenvolvimento da carreira das sambistas: "Quero impulsioná-las no samba".

A aproximação das rodas de samba com a prefeitura repercute também na Câmara Municipal. Presidente da Comissão da Indústria e Comércio, o vereador Rafael Aloisio Freitas pretende estimular a realização de rodas de sambas nos polos gastronômicos da cidade: "É uma reivindicação também dos polos e será uma ação positiva para todos. A cultura deve estar ligada ao turismo e ao desenvolvimento econômico. Quero contribuir para que isso aconteça", encerra o vereador. 

 

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