Richard Bruno Monteiro, de 23 anos, acredita que simuladores servem apenas para aqueles que não têm noção alguma de direção - Renan Schuindt
Richard Bruno Monteiro, de 23 anos, acredita que simuladores servem apenas para aqueles que não têm noção alguma de direçãoRenan Schuindt
Por RENAN SCHUINDT

Rio - Uma Resolução do Conselho Nacional de Trânsito (Contran) publicada ontem, no Diário Oficial da União, tornou opcional o uso de simulador de direção de veículos no processo de formação de condutores para a obtenção da Carteira Nacional de Habilitação (CNH). Com o fim da obrigatoriedade, a redução no valor da carteira de motorista poderá ser de até 15%, dependendo da região. Ainda entre as mudanças estão: a redução no número de horas-aula (h/aula) práticas para aqueles que optarem pela categoria B, passando de 25 para 20h/aula e das aulas de direção no período noturno, que cai de cinco para apenas uma aula.

Embora a medida tenha efeito apenas daqui a três meses, o advogado especializado em trânsito, Marcos Zanetti, diz que os alunos que pagaram pela utilização do simulador e que ainda não estiverem passado por esta etapa, terão direito ao ressarcimento. "As autoescolas vão ter que calcular este percentual e reembolsar o cliente. No entanto, quem já fez as aulas não terá o mesmo direito", explica.

Segundo o Sindicato das Autoescolas do Estado do Rio de Janeiro (Sindaerj), um ofício foi enviado ao Governo Federal, para que a a Resolução vigore em 30 dias. A preocupação é uma possível queda no movimento durante o período de vacância.

"É uma medida positiva. O simulador não comprovou qualquer eficácia para a formação de novos motoristas. No entanto, estamos preocupados com o longo tempo para que a medida passa a valer. Até la´, a procura será baixa, pois pode representar redução no custo de todo o processo", explica o 1º secretário do Sindaerj, André Mello. Proprietário de autoescola, Paulo Pereira, comemorou a decisão. "Estávamos esperando por isso. O custo que o aparelho representa é muito grande. É

Sensação de iniciante

Primeira vez ao volante, mesmo que no simulador, Matheus Barcelos, de 21 anos, acha o equipamento importante. No entanto, reclama do preço final do processo para se tornar motorista. "Fiquei um pouco confuso com as marchas e pedais. Mesmo assim, acho que dá uma noção para a hora de pegar o carro. Se não tiver o simulador o preço vai diminuir com certeza", acredita.

Já o futuro condutor Richard Bruno Monteiro, de 23 anos, diz que o uso do simulador não lhe acrescentou tanto. "Pra quem nunca pegou no carro até serve pra alguma coisa. Como eu já tinha uma certa experiência, mesmo sem a carteira, não mudou muito. Na rua a realidade é outra", afirmou.

Em abril, o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, disse que as mudanças iriam ajudar a desburocratizar etapas do processo de formação do condutor. "Nos países ao redor do mundo, ele não é obrigatório, em países com excelentes níveis de segurança no trânsito também não há essa obrigatoriedade. Então, não há prejuízo para a formação do condutor", disse. Ainda segundo o ministro, a decisão vai estimar uma redução de até 15% no valor cobrado nos centros de formação de condutores.

Ainda segundo a Zanetti, as autoescolas poderão ter outro problema: o cancelamento dos contratos com fabricantes dos simuladores. "Alguns centros optaram pela compra do equipamento. Neste caso, não há o que fazer. No entanto, na maioria dos casos os simuladores são alugados, o que significa que há um contrato e, nem sempre é fácil de negociar o rompimento", afirma o advogado.

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