Transferência de Flávio Rodrigues dos Santos, filho da deputada federal Flordelis dos Santos, do presídio Bandeira Stampa, conhecido como Bangu 9, para a penitenciária de segurança máxima - Cléber Mendes / Arquivo / Agência O DIA
Transferência de Flávio Rodrigues dos Santos, filho da deputada federal Flordelis dos Santos, do presídio Bandeira Stampa, conhecido como Bangu 9, para a penitenciária de segurança máximaCléber Mendes / Arquivo / Agência O DIA
Por RAFAEL NASCIMENTO e LEONARDO ROCHA
A Polícia Civil investiga o suposto envolvimento de dois filhos na morte do pastor Anderson do Carmo de Souza, de 42 anos, marido da deputada federal Flordelis dos Santos Souza (PSD), na madrugada de domingo, em casa, em um condômino de Pendotiba, Niterói. Segundo os investigadores, supostamente
um relacionamento extraconjugal seria a causa do assassinato. A parlamentar nega veementemente que o crime tenha sido praticado por um de seus filhos.
No fim da manhã de ontem, após o sepultamento de Anderson em um cemitério de São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio, o filho biológico de Flordelis (adotado por Anderson) Flávio dos Santos Rodrigues, 38, foi preso por ter descumprido uma medida protetiva determinada em janeiro deste ano. Ontem, ele prestou depoimento à Delegacia de Homicídios de Niterói, São Gonçalo, Itaboraí e Maricá (DHNSGI). No dia anterior, um outro filho do casal, Lucas dos Santos, 18, já havia sido preso. Ele cumpre medida protetiva domiciliar por envolvimento com tráfico de drogas, quando ainda era menor de idade. Como não havia se apresentado ao Fórum, teve um mandado de prisão expedido.
A polícia suspeita que Lucas também teria participado do assassinato. Lucas foi encaminhado para uma sede do Degase. Já Flávio foi levado para a DHNSGI, onde deverá prestar novo depoimento, hoje.

Afirmação do governador
Ontem durante um evento público, o governador do Rio, Wilson Witzel, afirmou que a polícia trabalha com a hipótese de envolvimento de um dos filhos do casal. “Estive (no domingo) com o secretário de Polícia Civil e ele me disse que há suspeita de que um dos filhos adotados, não sei se formalmente ou informalmente, teria praticado o crime. Agora, está nessa linha de investigação. É um fato lamentável e espero que tudo seja rapidamente esclarecido. Vamos acompanhar a investigação”, disse Witzel.
Segundo uma fonte na Polícia Civil, os filhos tomaram as dores da mãe e executaram o pai por conta de uma suposta traição. A deputada, entretanto, insiste na tese de latrocínio (roubo seguido de morte). De acordo com a polícia, os criminosos não levaram nada da casa.
Ao final do sepultamento e ao ser questionada sobre a fala do governador, a deputada Flordelis se irritou e negou a hipótese do envolvimento de um filho na morte do marido. “Isso é uma grande mentira. É uma inverdade. Não é verdade. Não vou permitir que acusem um dos meus filhos sem provas”, rebateu.
O laudo do Instituto Médico legal de Niterói informa que o pastor Anderson de Souza foi atingido por disparos nas costas, peitos e virilha. Um laudo toxicológico, feito pela Polícia Civil nos cachorros da vítima — que podem ter sido dopados — sairá hoje. Os investigadores descartaram a hipótese de que criminosos seguiram o casal durante o trajeto de carro até em casa, no dia do crime.
Para a polícia, o laudo pericial tem uma concentração de tiros na genitália da vítima, o que demonstraria que os criminosos agiram com raiva. Há uma terceira pessoa sendo procurada. A DHNSGI já tem imagens de câmeras de segurança da área e espera concluir as investigações rapidamente.

Polícia ouvirá outros filhos
Todos os 15 filhos maiores de idade do casal serão ouvidos pela polícia. Até agora, ao menos sete já prestaram esclarecimentos. Quem também esteve na Delegacia de Homicídios de Niterói, São Gonçalo, Itaboraí e Maricá (DHSGNI) foi a deputada federal Flordelis.
“Inicialmente, ele (Flávio) passa a noite na DHSGNI e não será transferido. A medida protetiva é de uma denúncia de 30 de janeiro. Como todos os filhos serão ouvidos, assim que jogaram o nome de Flávio no sistema, encontraram a denúncia na Lei Maria da Penha”, disse Luciene Diniz Suzuki, advogada da família, rechaçando a participação dos filhos no crime. “Não tem nada a ver com homicídio. Não tem nenhum filho suspeito. Isso é um absurdo”, disse.